Oposição reúne assinaturas no Senado para convocar CPI da Petrobras

BRASÍLIA, 26 Mar (Reuters) - A oposição anunciou nesta quarta-feira que reuniu as 27 assinaturas necessárias no Senado para convocar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar denúncias sobre a Petrobras, com o apoio de senadores de partidos aliados. Agora, os oposicionistas estudam o melhor momento para apresentar o requerimento.

A convocação de uma CPI ganhou força depois da divulgação de novas informações sobre a aquisição da uma refinaria em Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobras em 2006.

Uma nota divulgada na semana passada pela presidente Dilma Rousseff, afirmando que a decisão foi tomada com base em um documento "técnico e juridicamente falho", deu novos contornos políticos ao caso, e a oposição conseguiu o apoio suficiente para a investigação política.

À época Dilma era ministra-chefe da Casa Civil do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e presidia o Conselho de Administração da Petrobras.

A criação de uma CPI para investigar a estatal deve causar dificuldades políticas para Dilma, que tentará a reeleição neste ano, e também pode afetar economicamente a companhia, dependendo do avanço das investigações.

Além dos senadores de oposição, apoiaram a CPI parlamentares do PP, PMDB, PDT e PSD, que fazem parte da base aliada. Os oposicionistas conseguiram ainda o apoio dos senadores do PSB, que deixou a coalizão do governo no ano passado, que foram fundamentais para atingir o número mínimo de assinaturas.

Apesar de o foco da investigação parlamentar ser a compra da refinaria, a CPI também deve se debruçar sobre outros temas, como as investigações na Holanda que poderiam apontar pagamento de propina a funcionários da estatal, a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e até mesmo a ativação de plataformas de exploração de petróleo sem todas as condições de segurança.

O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) afirmou que pretende apresentar o requerimento apenas na próxima semana, já que a intenção da oposição é coletar as 171 assinaturas na Câmara dos Deputados para abrir uma CPI Mista, com deputados e senadores.

Questionado se isso não abriria margem para pressões do governo para que aliados retirassem as assinaturas do requerimento, ele disse que esse risco é maior "depois da leitura do pedido no plenário".

O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), afirmou à Reuters que acredita que haverá CPI e que agora "é hora de ter calma e administrar" a CPI, que trará mais dificuldades eleitorais para a campanha de reeleição de Dilma.

"Não será a primeira nem a última vez que teremos uma CPI em período eleitoral", afirmou Braga. "A CPI é para desgastar a presidente politicamente", afirmou.

(Reportagem de Jeferson Ribeiro)

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