Forças ucranianas matam 5 rebeldes e Rússia começa exercício na fronteira

Aleksandar Vasovic e Alexei Anishchuk

Em Slavianks (Ucrânia) e São Petersburgo (Rússia)

As forças ucranianas mataram pelo menos cinco rebeldes pró-Rússia nesta quinta-feira (24) enquanto apertavam o cerco ao reduto militar dos separatistas no leste do país, e os russos, em resposta, iniciaram manobras militares perto da fronteira, aumentando os temores de que suas tropas possam invadir o território ucraniano.

Crise na Ucrânia
Crise na Ucrânia

Essa foi a primeira vez que as tropas do governo central ucraniano usaram força letal para recapturar o território tomado pelos separatistas, que ocuparam partes do leste da Ucrânia desde 6 de abril e proclamaram a independência da chamada "República Popular de Donetsk".

O presidente em exercício da Ucrânia acusou Moscou de endossar "o terrorismo em nível de Estado" contra seu país por apoiar os rebeldes, quem o governo responsabiliza pelo sequestro e tortura de um político encontrado morto no sábado.

O Ministério do Interior da Ucrânia disse que suas forças, apoiadas pelo Exército, haviam removido três postos de controle montados por grupos armados na cidade de Slaviansk, controlada por separatistas.

"Durante o confronto armado até cinco terroristas foram eliminados", disse em um comunicado, acrescentando que uma pessoa havia sido ferida no lado das forças governamentais.

Uma porta-voz dos rebeldes em Slaviansk disse que dois combatentes morreram em um confronto na mesma área, a nordeste do centro da cidade. Segundo um site de notícias local, o autoproclamado prefeito separatista de Slaviansk, Vyacheslav Ponomaryov, afirmou que um homem foi morto a tiros e outro ficou gravemente ferido na periferia. Ele disse que o morto estava desarmado.

Arte/UOL
As cidades afetadas pelo movimento separatista na Ucrânia

O Kremlin, que diz ter o direito de invadir o país vizinho para proteger a população de língua russa, concentrou forças na fronteira com a Ucrânia estimadas pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em cerca de 40 mil soldados.

O ministro da Defesa, Sergei Shoigu, anunciou que Moscou iniciou manobras militares perto da fronteira em resposta à "máquina militar da Ucrânia" e aos exercícios da Otan na Europa Oriental. A Ucrânia exigiu uma explicação em 48 horas sobre a ação na fronteira.

A Rússia ocupou e anexou a península ucraniana da Crimeia no mês passado, depois que o presidente russo, Vladimir Putin, abandonou décadas de diplomacia pós-Guerra Fria ao anunciar o direito de usar a força militar nos países vizinhos.

Uma invasão no centro industrial da Ucrânia continental seria uma ação muito mais grave. Algumas semanas atrás parecia algo fora de cogitação, mas agora parece ser uma ameaça real, apesar de a dimensão da ambição territorial de Putin continuar sendo um mistério.

Em São Petersburgo, Putin disse que se as autoridades de Kiev usaram o Exército no leste da Ucrânia isso teria sido um crime muito grave contra seu próprio povo.

"É apenas uma operação punitiva e que irá, naturalmente, ter consequências para as pessoas que tomam essas decisões, incluindo em nossas relações interestatais", disse Putin em uma reunião com a mídia regional, a qual foi televisionada.

Os Estados Unidos criticaram os exercícios russos na fronteira. É "exatamente o oposto do que temos pedido aos russos, que é acalmar a situação", disse o porta-voz do Pentágono, coronel Steve Warren.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia respondeu que cabia a Washington deter a ação militar da Ucrânia e "forçar as autoridades de Kiev, que são divisões dos Estados Unidos, a conter-se e não a usar a força".

Jornalistas da Reuters viram um destacamento ucraniano com cinco veículos blindados assumir um posto de controle em uma estrada ao norte de Slaviansk no fim da manhã, depois de ter sido abandonado por separatistas que colocaram fogo em pneus para encobrir sua retirada.

No entanto, duas horas mais tarde as tropas recuaram e não ficou claro se correriam o risco de uma investida em Slaviansk, cidade de 130.000 habitantes que se tornou o reduto militar de um movimento que procura a anexação por Moscou do industrializado leste da Ucrânia.

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