Nível de água de Sistema Cantareira cai abaixo de 10% pela 1a vez

Por Alberto Alerigi Jr.

SÃO PAULO, 6 Mai (Reuters) - O volume de água armazenado do Sistema Cantareira recuou pela primeira vez para abaixo de 10 por cento nesta terça-feira, mantendo tendência de esgotamento do mais importante conjunto de represas para o abastecimento dos cerca de 9 milhões de habitantes da região metropolitana de São Paulo.

O nível do sistema, criado na década de 1970, era de 9,8 por cento nesta terça-feira, bem abaixo dos cerca de 27 por cento do início do ano e dos 62 por cento exibidos um ano antes, segundo dados da companhia de águas do Estado, Sabesp.

Na véspera, o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), voltou a descartar racionamento de água, apesar do baixo nível do sistema, e afirmou que multa para quem aumentar o consumo de água na região metropolitana pode começar a valer a partir das contas de maio.

A Sabesp, que está reduzindo a captação de água do Cantareira, está investindo cerca de 80 milhões de reais para a construção de 17 bombas que vão sugar água do fundo das represas, abaixo do nível da captação das comportas.

A empresa está fazendo transferência de água dos sistemas de armazenagem Alto Tietê, que está com nível de 34,8 por cento ante 65,7 por cento um ano atrás, e Guarapiranga, que mostra 76,5 por cento de capacidade ocupada ante 87,9 por cento no mesmo período de 2013.

Além disso, a companhia estendeu até o final do ano e para todas as 31 cidades que atende na região metropolitana do Estado programa de desconto em contas de quem reduzir o consumo de água em 20 por cento sobre a média dos últimos 12 meses.

SECO

O Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) afirma que não há previsão de chuvas significativas para a região do Cantareira nos próximos dias, em um momento em que o país ingressa em temporada normal de baixa pluviosidade que costuma se estender até setembro.

Segundo o meteorologista Gustavo Escobar, do CPTEC, chuvas significativas podem até cair na região do Canteira em junho e julho, mas devem ser episódios esporádicos e insuficientes para a recomposição do volume de água.

"Estamos dentro da normalidade agora. Este período, até o final de agosto, chove muito pouco na região (...) Nunca foi tão seco quanto este ano", afirmou o meteorologista que trabalha há 11 anos no centro. "Agora é difícil que se normalize a situação dos reservatórios. Mesmo tendo chuvas atípicas não deve ser suficiente para reverter situação", afirmou.

Para a presidente da Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH), Jussara Cabral Cruz, a adoção de racionamento do consumo de água em algum nível seria prudente diante das incertezas geradas por previsões climáticas de longo prazo, que dependem de múltiplas variáveis.

"Não podemos afirmar que vai chover em setembro. No Nordeste, por exemplo, a região está no terceiro ano de estiagem (...) É importantíssimo que se pense em racionamento em algum nível, por menor que seja", afirmou a especialista em recursos hídricos e saneamento ambiental.

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