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China precisa importar mais alimento para reduzir uso de água, diz autoridade

28/07/2014 12h54

PEQUIM (Reuters) - A China precisará elevar a importação de alimentos para destinar uma parte maior dos seus escassos recursos hídricos para a produção de energia, especialmente nas regiões áridas mas ricas em carvão como Xinjiang e Ningxia, disse uma autoridade sênior do setor ambiental do país nesta segunda-feira.

O chefe do escritório de avaliação de impactos ambientais do Ministério da Proteção Ambiental, Mu Guangfeng, disse em uma conferência que a China precisará abrir ainda mais suas portas para oferta de alimentos do exterior e impor restrições maiores ao consumo de água para a agricultura em regiões como Xinjiang.

Ele lembrou que a China, o principal país manufatureiro do mundo, envia milhares de navios para outros países e muitos retornam vazios. Enchê-los com grãos seria uma solução ideal, disse.

"Nós não podemos ignorar a produção de energia, e se abrirmos nossa mente um pouco, será que não poderemos restringir o uso de água para a agricultura em lugares como Shaanxi, ao norte, e então quebrar o tabu ao usar o espaço nos nossos navios para comprar grãos no exterior?", disse.

Os comentários de Mu refletem um amplo debate entre lideranças chinesas sobre o melhor uso dos recursos hídricos do país, cada vez mais limitados, em meio a uma crescente demanda das indústrias e do campo.

A oferta de água per capita na China é apenas um quarto da média global e no norte do país a falta do recurso ameaça frear ambiciosos planos de desenvolvimento de reservas de carvão.

A China já é o maior importador de soja e gradualmente vem abrindo seu mercado para milho estrangeiro. No entanto, o país continua relutante em grandes importações de alimentos básicos como trigo e arroz, com uma meta governamental de manter a taxa de autossuficiência em alimentos na faixa de 95 por cento.

"Algumas pessoas dizem que não podemos importar comida, mas o que dizer da energia? Mais de 60 por cento do nosso petróleo é importado assim como 50 por cento do nosso gás natural", acrescentou Mu.

(Por David Stanway)