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Otan exige que Rússia retire tropas da Ucrânia

Secretário-geral da Otan, Anders Rasmussen - Reprodução/EFE
Secretário-geral da Otan, Anders Rasmussen Imagem: Reprodução/EFE

Adrian Croft e Guy Faulconbridge

Em Newport (País de Gales)

04/09/2014 18h13

A Otan exigiu nesta quinta-feira (4) que Moscou retire suas tropas da Ucrânia, e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e seus aliados ocidentais prometeram apoiar Kiev e reforçar suas próprias defesas contra a Rússia, sua maior mudança estratégica desde a Guerra Fria.

Os líderes da Organização para o Tratado do Atlântico Norte deixaram claro na cúpula no País de Gales que não irão usar a força para defender a Ucrânia, que não é membro da aliança militar, mas que planejam sanções econômicas mais severas para tentar mudar o comportamento da Rússia no território ucraniano.

O encontro de dois dias foi marcado pelo impasse mais sério entre Ocidente-Leste desde a queda do Muro de Berlim, 25 anos atrás, e do colapso do bloco soviético, assim como o alarme com as conquistas territoriais do Estado Islâmico no Iraque e na Síria.

As autoridades ocidentais expressaram uma profunda cautela em relação à menção do Kremlin a um cessar-fogo iminente na revolta armada de cinco meses dos separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia, que veio no momento em que a Otan se reunia e a União Europeia prepara novas sanções.

Declarações anteriores como esta se mostraram "uma cortina de fumaça para a desestabilização contínua da Ucrânia", disse o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, aos repórteres depois de os 28 líderes se encontrarem com o presidente ucraniano, Petro Poroshenko.

"Conclamamos a Rússia a retirar suas tropas da Ucrânia e deter o fluxo de armas, combatentes e fundos para os separatistas. Conclamamos a Rússia a evitar o confronto e seguir o caminho da paz", disse Rasmussen.

Poroshenko, cujas forças sofreram uma série de revezes na última semana, afirmou aos jornalistas que irá ordenar um cessar-fogo na sexta-feira (5) caso se assine um acordo sobre um plano de paz para encerrar a guerra no leste de seu país durante as conversas em Minsk, capital da Bielorrússia.

"O que precisamos agora para ter paz e estabilidade são duas coisas: a Rússia retirar suas tropas e fecharmos a fronteira", declarou Poroshenko.

O líder evitou falar em ressuscitar a campanha ucraniana para que o país seja aceito na Otan, o que França e Alemanha rejeitam por medo de que isso exacerbe as tensões com Moscou e os arraste para uma guerra.

O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, ressaltou a oposição de Moscou à aceitação da Ucrânia na aliança militar, alertando que quaisquer tentativas de pôr fim ao status de não-alinhado do país poderia representar um risco à segurança, e acusou os EUA de apoiar "o partido da guerra" em Kiev.

Após uma semana de comentários desafiadores do presidente russo, Vladimir Putin, Lavrov afirmou que a Rússia está pronta para adotar medidas práticas para amenizar a crise e exortou Kiev e os rebeldes a darem atenção às propostas de cessar-fogo apresentadas por Moscou na quarta-feira.

A Otan suspendeu a cooperação de segurança com a Rússia em março, quando o governo Putin anexou a Crimeia, mas os líderes da aliança não chegaram a cortar os laços políticos, embora os tenham colocado no gelo, na esperança de uma reaproximação no futuro. (Reportagem adicional de Kylie MacLellan, Sabine Siebold e Julien Ponthus, em Newport, Gareth Jones, em Kiev, e Katya Golubkova, em Moscou)