Dilma fala em eleição agressiva demais e "guerra de comunicação"

SÃO PAULO (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff, que tenta a reeleição pelo PT, disse nesta segunda-feira, em ato de campanha em São Paulo ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que nunca houve uma eleição tão agressiva e que enfrenta uma "guerra de comunicação".

"Uma eleição nunca teve aspectos tão agressivos quanto essa, talvez seja a eleição mais conflituosa", disse a presidente durante o evento em Itaquera. "A agressividade deles começa com a tentativa sistemática de plantar inverdades."

"Vamos enfrentar a guerra de comunicação com aquilo que é a verdade dos fatos", acrescentou.

Dilma reiterou as críticas à campanha do seu adversário, Aécio Neves (PSDB).

"Baixar o nível é o único jeito que eles conseguem disputar de fato", atacou. "Temos que comparar esses dois projetos de Brasil, um Brasil que melhorou a vida de todos... e outro que não dava condições; antes podia batalhar o que quisesse e não conseguia uma vida melhor."

Em seu discurso, Lula disse estar indignado com o clima de agressividade da campanha e criticou diretamente o candidato do PSDB.

"Jamais pensei que um candidato pudesse chamar uma presidenta de mentirosa nas câmeras de televisão, de leviana... nunca imaginei que pudesse desrespeitar uma mãe, uma avó, uma mulher e, acima de tudo, a presidente do Brasil só para deixar a Dilma nervosa", disse. "Será que faria isso se fosse homem?"

Num ato direcionado à juventude da periferia com a presença de cantores, rappers e atores, Lula lamentou casos de violência contra militantes do PT, dizendo que "disseminaram o ódio ao PT".

E antes de passar o tempo para sua sucessora, o ex-presidente aproveitou para provocar a imprensa.

"Dilminha, mesmo contra a vontade da imprensa e do adversário, você será reconduzida à Presidência da República."

Pesquisa Datafolha divulgada na noite desta segunda-feira mostrou Dilma pela primeira vez com vantagem numérica sobre Aécio num levantamento do instituto durante a campanha do segundo turno: 52 a 48 por cento dos votos válidos. Como a margem de erro da sondagem é de 2 pontos percentuais, os dois estão em empate técnico.

Mais tarde, em evento com artistas e intelectuais no teatro Tuca, em Perdizes, Dilma voltou a criticar a gestão tucana sobre a crise hídrica em São Paulo.

"Eles deixaram esse país às escuras porque não se planejaram. No caso da água, essa é a crônica de uma morte anunciada. Há aí um problema sério: a incapacidade de gestão de um grupo que pretende governar o país. Pretende, porque nós não vamos deixar", disse Dilma.

Do lado de fora do teatro havia um telão onde milhares de simpatizantes acompanharam com euforia o discurso de Dilma, Lula e de outros políticos do PT.

"Esse ato coroa um momento especial. Essa campanha teve momentos extremamente tensos e diferenciados. Mas na reta final, se colocou com mais clareza. Agora é muito claro o que está em questão", acrescentou.

OUTROS TEMPOS

Mais cedo, Dilma disse que "era muito generosa" quando elogiou em outros tempos seu rival na disputa.

"Eu era generosa, muito generosa, eu diria excessivamente generosa, eu fiquei bastante crítica, porque a gente conhece as pessoas, acaba conhecendo, infelizmente", afirmou Dilma a jornalistas em um hotel em São Paulo.

O programa eleitoral de Aécio tem exibido nos últimos dias declarações da presidente, feitas em 2009, nas quais ela elogia o então governador de Minas.

“O governador Aécio Neves é um dos melhores governadores do país”, diz umas das peças de propaganda na TV, informando que a declaração de Dilma foi realizada à Rádio Itatiaia, em 17 de abril de 2009. Após a exibição desse trecho da entrevista, o locutor do programa tucano afirma: “Aécio é aprovado até pela Dilma”.

(Reportagem de Vinícius Cherobino e Tatiana Ramil)

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