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Médico que trabalhou na África é 1º caso de Ebola em Nova York

EDUARDO MUNOZ
Imagem: EDUARDO MUNOZ

24/10/2014 07h42

NOVA YORK (Reuters) - Um médico da cidade de Nova York que tratou pacientes com Ebola na África Ocidental foi internado em uma unidade de isolamento de um hospital de Nova York nesta sexta-feira, tornando-se a quarta pessoa diagnosticada com a doença nos Estados Unidos e a primeira na maior cidade do país.

Craig Spencer, de 33 anos, foi colocado em quarentena no hospital Bellevue na quinta-feira, seis dias depois de retornar da Guiné, voltando a despertar o nervosismo da população norte-americana sobre a transmissão do vírus e abalando os mercados financeiros.

Três pessoas que tiveram contato próximo com Spencer, um médico da organização de ajuda humanitária Médicos Sem Fronteiras, também foram colocadas sob quarentena para observação, mas todos demonstravam estar saudáveis, disseram as autoridades.

O diagnóstico de Ebola na cidade mais populosa dos EUA reacendeu os temores sobre a disseminação da doença no país, onde três outros casos foram identificados anteriormente no Estado do Texas.

O pior surto de Ebola já registrado matou ao menos 4.877 pessoas, podendo chegar até 15 mil, sobretudo em Libéria, Serra Leoa e Guiné, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, e o governador do Estado de Nova York, Andrew Cuomo, procuraram reassegurar aos nova-iorquinos que estão a salvo, mesmo diante do fato de Spencer ter usado o metrô, tomado um táxi e visitado um boliche no período entre o seu retorno da Guiné e o surgimento dos sintomas.

"Não existe razão para os nova-iorquinos se alarmarem", disse De Blasio em entrevista coletiva no hospital Bellevue. "Ter estado no mesmo vagão do metrô ou morar perto de alguém com Ebola não coloca alguém em risco por si só."

Cuomo disse que diferentemente de Dallas, onde duas enfermeiras que tratavam um paciente de Ebola acabaram contaminadas, as equipes em Nova York tiveram tempo para se prepararem extensivamente e treinarem para a possibilidade do surgimento de um caso do vírus na cidade.

"Do ponto de vista de saúde pública, sinto-me confiante de que estamos fazendo tudo o que devemos estar fazendo, e temos a situação sob controle", afirmou.

"Não há razão para os nova-iorquinos entrarem em pânico ou sentirem que não tinham nada para se preocupar sobre o sistema de metrô e etc", disse Cuomo em entrevista à rede CNN.

Até o momento, quatro casos de Ebola foram diagnosticados nos EUA: o liberiano Thomas Eric Duncan, morto no dia 8 de outubro em um hospital de Dallas, no Texas, duas enfermeiras que cuidaram de Duncan e, agora, Spencer.

Autoridades médicas ressaltaram que o vírus não é transmitido via aérea, mas se espalha através do contato direto com fluídos corporais de pessoas infectadas que manifestem sintomas.

FEBRE DE 37,9º

Após medir a própria temperatura duas vezes ao dia desde seu retorno, Spencer relatou febre e sintomas gastrointestinais pela primeira vez na quinta de manhã.

Ele foi então levado de seu apartamento em Manhattan para o hospital Bellevue por uma equipe especial usando equipamento de proteção, disseram autoridades municipais.

Ele não se sentia doente e não estaria apto a transmitir a doença antes de quinta pela manhã, disse a comissária de Saúde, Mary Travis Bassett.

Os proprietários do boliche em que Spencer esteve fecharam o estabelecimento voluntariamente por um dia por precaução. O motorista do táxi tomado por ele foi considerado fora de risco, e as autoridades insistiram que as três linhas de metrô usadas por ele antes de ficar doente permaneciam seguras.

"Consideramos que seja extremamente improvável, com uma probabilidade próxima de zero, de que haja qualquer problema relacionado a ele ter usado o sistema de metrô", disse Basset.

O presidente dos EUA, Barack Obama, foi informado sobre o caso de Ebola em Nova York e conversou por telefone na quinta-feira à noite com Cuomo e De Blasio, separadamente, informou a Casa Branca.

(Reportagem adicional de Natasja Sheriff, Barbara Goldberg, Jonathan Allen e Laila Kearney em Nova York e Bill Trott em Washington)