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Viena inaugura monumento a desertores da Segunda Guerra Mundial

24/10/2014 19h04

VIENA (Reuters) - A Áustria inaugurou um monumento nesta sexta-feira em homenagem a milhares dos seus cidadãos que desertaram do Exército de Hitler durante a Segunda Guerra Mundial, marcando um novo passo nos esforços de reconhecer o passado de guerra da nação.

A Alemanha anexou a Áustria em 1938, tornando o país parte do Terceiro Reich de Hitler que gerou destruição em todo o continente e massacrou milhões de judeus no Holocausto.

O sistema de justiça militar nazista executou milhares de desertores e oponentes ao esforço de guerra.

O Parlamento austríaco votou em 2009 --com objeção dos partidos de extrema direita-- para limpar a reputação daqueles que foram desprezados ou atacados por se recusar a seguir a linha dos nazistas.

"Se eles eram os bons no Exército de Hitler, então, nós, os desertores, éramos evidentemente os maus, os maus que deveriam ser atacados", disse o ativista Richard Wadani, de 92 anos, um dos desertores.

O presidente austríaco, Heinz Fischer, disse que era ultrajante que pessoas tenham sido tratadas desta maneira em uma Áustria democrática do pós-guerra. "Isso é algo pelo o que qualquer pessoa precisa pedir desculpas e ter vergonha", disse.

A Áustria --que vem lutando para escapar da reputação de ter minimizado a sua história no período da guerra-- por décadas manteve que foi a primeira vítima de Hitler, preferindo ignorar a reação entusiasmada que ele teve de diversos austríacos.

O monumento, criado pelo artista alemão Olaf Nicolai, retrata uma forma de três níveis em X, criada para simbolizar o sofrimento do indivíduo jogado contra o poder da sociedade. Ele fica na Ballhausplatz, no centro de Viena, próximo dos prédios da Presidência e da chancelaria.

Visto do alto, uma inscrição esculpida no monumento diz "completamente sozinho".

Apesar das críticas de alguns veteranos de que nem todos os desertores deveriam ser homenageados, outros monumentos para os soldados que abandonaram as suas armas e saíram do campo de batalha já foram levantados na Áustria e na Alemanha.

(Reportagem de Michael Shields)