Topo

Lavrov acusa Ocidente de buscar "mudança de regime" na Rússia

22/11/2014 10h59

Por Polina Devitt

MOSCOU (Reuters) - O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, acusou o Ocidente neste sábado de tentar usar sanções impostas contra Moscou pela crise da Ucrânia para tentar "mudar o regime" na Rússia.

As declarações do chanceler russo intensificaram a guerra de palavras de Moscou com os Estados Unidos e a União Europeia, na pior crise diplomática desde o final da Guerra Fria.

"Em relação ao conceito por trás do uso de medidas coercitivas, o Ocidente está deixando claro que não quer forçar a Rússia a mudar de política, mas quer garantir mudança de regime", disse Lavrov em reunião do Conselho para a Política Externa e de Defesa, em Moscou, segundo a agência de notícias Tass.

Lavrov afirmou que, quando as sanções internacionais foram usadas contra outros países, como o Irã e a Coreia do Norte, foram designados não para ferir a economia nacional.

"Agora, figuras públicas nos países ocidentais dizem que há uma necessidade de impor sanções que irão destruir a economia e causar protestos públicos", disse Lavrov.

Seus comentários seguiram declarações de quinta-feira nas quais o presidente Vladimir Putin afirmou que Moscou deve se proteger contra uma "revolução colorida" na Rússia, em referência aos protestos que derrubaram líderes em outras ex-repúblicas soviéticas.

As sanções ocidentais limitaram o acesso ao capital estrangeiro a algumas das maiores companhias e bancos russos, atingido indústrias de defesa e energia, e congelou ativos e proibiu viagens a alguns dos aliados de Putin.

As medidas agravaram uma estagnação econômica, que também tem sido piorada pela queda dos preços globais do petróleo e ajudaram a causar uma queda de quase 30 por cento no rublo ante o dólar desde o começo do ano.

A popularidade de Putin aumentou na Rússia desde a anexação da Crimeia, tomada da Ucrânia, em março.

Ele afirmou que as potências ocidentais estavam por trás da queda de um presidente ucraniano apoiado por Moscou em fevereiro, após meses de protestos, mas o Ocidente culpa Moscou pela crise.

O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chamou na sexta-feira, em Kiev, o comportamento da Rússia na Ucrânia de "inaceitável. Ele disse que Moscou deve cumprir um acordo de cessar-fogo de 5 de setembro, que fracassou em encerrar o conflito que já matou mais de 4.300 pessoas desde meados de abril.

Biden insistiu que Moscou retire soldados do leste ucraniano, de língua russa e onde separatistas pró-Rússia estão lutando contra as forças do governo, ainda que Moscou negue dar apoio aos rebeldes com tropas e armas.