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Protestos de Ferguson se espalham para outras cidades dos EUA

Ellen Wulfhorst,Daniel Wallis e Edward McAllister

Em Ferguson (EUA)

26/11/2014 21h01

A polícia deteve mais de 400 pessoas em várias cidades dos Estados Unidos que protestavam contra a decisão de um tribunal do Missouri de não indiciar um policial branco pela morte de um adolescente negro desarmado, disseram autoridades nesta quarta-feira, mas a cidade onde a tragédia aconteceu estava um pouco mais calma.

Manifestações em Boston, Nova York, Dallas, Los Angeles, Atlanta e outras localidades coincidiram com uma segunda noite de violência nas ruas de Ferguson, subúrbio de St. Louis, no Missouri, onde o policial Darren Wilson matou a tiros Michael Brown, de 18 anos, em 9 de agosto.

O incidente enfatizou a natureza, muitas vezes tensa, das relações raciais no país e o estranhamento entre as comunidades negras e a polícia.

Episódios de violência haviam diminuído em Ferguson, já que a mobilização de cerca de dois mil membros da Guarda Nacional na área ajudou a polícia a evitar saques, tumultos e incêndios que irromperam na noite de segunda-feira.

A polícia efetuou 45 prisões em Ferguson entre a noite de terça-feira e o início desta quarta-feira por delitos que foram de algumas dezenas de contravenções por reunião ilegal a cinco por ataques a agentes de segurança. Trinta das pessoas detidas deram endereços no Missouri e uma era de Berlim, na Alemanha, relatou a polícia.

Em outras cidades, os manifestantes caminharam pelas ruas, às vezes bloqueando o tráfego e entrando em conflito com policiais. A polícia de Boston disse que 45 pessoas foram presas em protestos de terça para quarta-feira que atraíram mais de mil participantes.

Wilson afirmou ter agido em legítima defesa e que está com a consciência tranquila. Ele declarou ao noticiário de televisão ABC News que não havia nada que pudesse ter feito de diferente para evitar a morte de Brown, mas os pais do adolescente assassinado disseram não aceitar a versão dos fatos do policial.

"Não acredito em uma só palavra", afirmou a mãe de Brown, Lesley McSpadden, ao programa "CBS This Morning" nesta quarta-feira.

A multidão de Ferguson foi menor e mais contida do que na segunda-feira, quando cerca de uma dezena de estabelecimentos comerciais foram incendiados e outros foram saqueados em meio ao lançamento de pedras e aos tiros esporádicos dos manifestantes e dos disparos de gás lacrimogêneo da polícia. Mais de 60 pessoas foram presas na ocasião.

Em Nova York, onde a polícia usou gás de pimenta para controlar a multidão depois que manifestantes tentaram fechar o túnel Lincoln e a ponte Triborough, 10 manifestantes foram detidos, informou a polícia.

Ativistas em Los Angeles atiraram garrafas de água e outros objetos em escritórios do lado de fora da sede da polícia e mais tarde obstruíram os dois lados de uma avenida do centro de cidade com obstáculos improvisados e destroços, segundo as autoridades.

A polícia de Atlanta prendeu 24 pessoas na noite de terça-feira, incluindo algumas de um grupo de cerca de 150 pessoas que se separaram de uma manifestação pacífica de mais de mil pessoas e interromperam o tráfego em uma avenida do centro, afirmou o prefeito, Kasim Reed, nesta quarta-feira.

(Reportagem adicional de Susan Heavey, em Washington; de Brendan O'Brien, em Milwaukee; de Alex Dobuzinskis, em Los Angeles; de Carey Gillam, em Kansas City; de David Bailey, em Minneapolis; de Fiona Ortiz e Mary Wisniewski, em Chicago; de Jonathan Kaminsky, em Nova Orleans; de Laila Kearney e Letitia Stein, em Nova York; de Eric M. Johnson, em Seattle; e de Colleen Jenkins, na Carolina do Norte)