Consumidores lutam para comprar produtos básicos e filas aumentam na Venezuela

Alexandra Ulmer

Em Caracas

  • Reuters

As filas estão aumentando nos supermercados venezuelanos, com alguns consumidores aparecendo antes do amanhecer na busca por produtos que vão de frango a sabão para lavar roupas, no momento em que a redução do ritmo de entregas, por causa de feriados, piora a falta de mercadorias no país.

As filas em mercados e farmácias nesta sexta-feira (9) davam a volta no quarteirão, com as pessoas em alguns casos chegando antes do amanhecer sob o olhar das tropas da Guarda Nacional, enviadas para manter a ordem.

Líderes empresariais asseguraram que a situação vai melhorar nos próximos dias, pois os distribuidores retornarão dos feriados prolongados de fim do ano, muitas vezes prolongados. Porém, alguns consumidores culpam as políticas econômicas socialistas do presidente do país, Nicolás Maduro, pelo problema.

"A verdade é que eu não sei o que o governo está fazendo. Piora a cada dia", disse o entregador Elizio Velez, 65, que chegou às 5h da manhã num grande supermercado no leste de Caracas para comprar frango e papel higiênico.

"Isso é insano, parece o fim do mundo", afirmou ele, notando que as tropas haviam disparado tiros por causa de confusão na fila.

O sistema de controle cambial de mais de uma década da Venezuela tem apresentado há anos dificuldades de prover dinheiro suficiente para garantir níveis adequados de importação, levando a problemas no abastecimento de insumos, maquinário e bens de consumo.

Maduro, que culpa a "guerra econômica" dos opositores pela situação, disse em dezembro que planejava fazer mudanças no sistema, sem entrar em detalhes.

Filas nos mercados da cidade fronteiriça de San Cristóbal nesta semana começaram a partir das 3h da manhã e continuavam até as 22h, enquanto consumidores na litorânea Punto Fijo começaram a dormir em redes do lado de fora do principal shopping.

"Estou procurando por tudo, pelo preço que eu encontrar. Desde dezembro estou caçando papel higiênico porque na minha casa não temos nenhum", disse Giovanny Chacon, morador de San Cristóbal. "Passamos o Natal e o Ano-Novo sem papel higiênico."

Economistas acreditam que as reformas econômicas de Maduro vão incluir uma desvalorização do bolívar, o que faz os importados ficarem mais caros e aumenta a inflação. Os preços subiram 64% no período de 12 meses até novembro. (Reportagem adicional de Sailu Urribarri, em Punto Fijo; e de Javier Faria, em San Cristóbal)

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