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Kerry diz que exigir rendição do Irã não garante acordo

Por Arshad Mohammed
Imagem: Por Arshad Mohammed

04/03/2015 15h37

Por Arshad Mohammed

MONTREUX, Suíça (Reuters) - Simplesmente exigir a rendição do Irã não é maneira de garantir um acordo nuclear com a República Islâmica, disse o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, nesta quarta-feira, quando encerrou três dias de conversas com uma cutucada no primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

Kerry declarou que ele e seu colega iraniano, Mohammad Jawad Zarif, fizeram algum progresso nas negociações na cidade suíça de Montreux, e que irão retomá-las em 15 de março. Assessores do secretário norte-americano disseram ainda haver muitos obstáculos antes do final do mês, prazo para se delinear um acordo entre o Irã e as seis potências envolvidas – China, EUA, França, Grã-Bretanha, Rússia e Alemanha, o chamado P5+1.

“Ainda há lacunas significativas e escolhas importantes a serem feitas”, afirmou Kerry aos repórteres depois das mais de 10 horas de conversas com Zarif.

Na terça-feira, Netanyahu disse em um discurso no Congresso dos EUA que Washington está negociando um pacto ruim com o Irã que pode desencadear “um pesadelo nuclear”, atraindo uma réplica do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e expondo uma divisão cada vez maior entre EUA e Israel.

Kerry disse que a política e fatores externos não irão desviar o rumo das conversas, que almejam refrear Teerã exigindo acesso quase irrestrito para os inspetores da Organização das Nações Unidas (ONU) e a verificação de sua atividade nuclear e adiando o tempo necessário para o país construir uma arma atômica.

“Ninguém apresentou uma alternativa mais viável e duradoura para de fato impedir que o Irã obtenha uma arma nuclear. Então, gente, simplesmente exigir que o Irã capitule não é um plano. E nenhum dos nossos parceiros do P5+1 nos apoiaria nessa posição”.

Netanyahu exortou as potências a insistirem para que o Irã desmonte sua infraestrutura nuclear e mude o que descreveu como sua postura regional “agressiva” – ideia rapidamente rejeitada pelo governo Obama. Israel e Irã são inimigos desde 1979.

O presidente iraniano, Hassan Rouhani, eleito em 2013 com uma plataforma de suavização do isolamento de seu país no exterior por meio da diplomacia e da remoção das sanções impostas ao Irã, disse que Teerã está preparada para aceitar uma vigilância nuclear maior como parte do acordo.

Os diretores políticos dos Ministérios das Relações Exteriores das seis potências se reunirão com os negociadores iranianos na Suíça na quinta-feira, antes da próxima rodada entre os dois principais representantes, Kerry e Zarif.

(Reportagem adicional de Lucien Libert em Montreux e Babak Dehghanpisheh em Beirute)