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"Eu condeno o papa" por comentários sobre genocídio armênio, diz presidente turco

O presidente turco, Tayyip Erdogan - Reuters
O presidente turco, Tayyip Erdogan Imagem: Reuters

Humeyra Pamuk

Em Istambul

14/04/2015 14h32

O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, disse nesta terça-feira (14) que condena o papa Francisco pelos comentários de que a morte em massa de armênios em 1915 foi um genocídio e alertou o pontífice a não repetir a declaração.

O papa se tornou no domingo (12) o primeiro líder da Igreja Católica Romana a classificar publicamente o assassinato de até 1,5 milhão de armênios como "genocídio", gerando uma controvérsia diplomática com a Turquia, que convocou o embaixador do Vaticano no país e chamou de volta o seu enviado na Santa Sé.

Muçulmanos turcos concordam que cristãos armênios foram mortos em confrontos com soldados otomanos iniciados em 15 de abril de 1915, quando os armênios viviam no império controlado por Istambul, mas negam que centenas de milhares tenham sido mortos e que isso tenha sido um genocídio.

"Não vamos permitir que incidentes históricos sejam tirados de seu contexto genuíno e sejam usados em campanhas contra o nosso país", disse Erdogan em discurso a um grupo de empresários.

"Eu condeno o papa e gostaria de alertá-lo para que não cometa erros parecidos novamente."

Embora outros políticos turcos, como Erdogan, tenham criticado o papa, alguns turcos comuns minimizaram o episódio classificando-o de política vazia e expressaram desejo de deixar a história de lado.

Os comentários de Erdogan devem colocar foco sobre se os Estados Unidos, tradicional aliado da Turquia, que é membro da aliança militar Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), usarão o termo "genocídio" para tratar do massacre.

Ao contrário de alguns países europeus e sul-americanos, que usam o termo, Washington evita utilizá-lo e alertou parlamentares do país que a Turquia pode cortar sua cooperação militar caso eles votem uma lei para adotá-lo.

Na segunda-feira, o papa Francisco pareceu se referir ao fato de ter usado o termo "genocídio" na véspera, ao afirmar em um sermão que "hoje a mensagem da Igreja é no caminho da franqueza, no caminho da coragem cristã".

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