Geração de vagas de trabalho nos EUA desacelera, mas taxa de desemprego tem mínima de 8 anos

Por Lucia Mutikani

WASHINGTON (Reuters) - A criação de vagas de trabalho nos Estados Unidos desacelerou mais do que o esperado em janeiro, já que o impulso dado às contratações pelo clima atípicamente ameno perdeu força, mas o aumento dos salários e a taxa de desemprego na mínima de oito anos sugerem que a recuperação do mercado de trabalho continua firme.

A criação de vagas fora do setor agrícola somou 151 mil no mês passado e a taxa de desemprego ficou em 4,9 por cento, a menor desde fevereiro de 2008, informou o Departamento do Trabalho nesta sexta-feira.

Os dados de novembro e dezembro foram revisados para mostrar 2 mil vagas a menos criadas do que divulgado anteriormente. Economistas consultados pela Reuters esperavam que fossem criadas 190 mil vagas e que a taxa de desemprego permanecesse em 5 por cento. Os números também mostraram que os empregadores aumentaram as horas de trabalho.

A indústria, que tem sido afetada pelo dólar forte e pela demanda global fraca, criou o maior número de vagas desde agosto de 2013.

"Isso... serve de advertência para os mercados de que é muito cedo para desconsiderar completamente um aumento do juros pelo Federal Reserve em março", disse o consultor-chefe de economia do Allianz, Mohamed el-Erian.

Os dados impulsionaram o dólar ante uma cesta de moedas, com operadores vendo mais aumento de juros este ano. Os preços dos títulos da dívida norte-americana caíam, enquanto as ações ampliavam suas perdas.

O cenário de aperto das condições do mercado financeiro minou os argumentos para uma elevação dos juros pelo Fed em março. O banco central norte-americano elevou a taxa de juros em dezembro pela primeira vez em quase uma década.

A chair do Federal Reserve, Janet Yellen, tem dito que a economia precisa criar pouco menos de 100 mil empregos por mês para acompanhar o crescimento da população em idade de trabalhar.

A forte desaceleração da geração de postos de trabalho em relação ao quarto trimestre reflete o fato de as temperaturas mais quentes em anos terem elevado as contratações em setores sensíveis ao clima, como o de construção.

O emprego em janeiro também perdeu o impulso de contratações de entregadores e mensageiros, que foram sustentadas pelas fortes vendas online de novembro e dezembro.

Mas na esteira da abrupta desaceleração do crescimento econômico no quarto trimestre e de fortes perdas nos mercados acionários, detalhes bastante positivos do relatório de emprego podem aliviar as preocupações de que o cenário econômico do país está se deteriorando.

A economia cresceu a um ritmo anual de 0,7 por cento no quarto trimestre de 2015, restringida por fatores desfavoráveis que incluem o dólar forte e os esforços dos empresários de desovarem os estoques.

Mesmo com um crescimento mais lento das contratações, os salários se recuperaram com força, após se manterem estáveis em dezembro. A média do rendimento por hora trabalhada aumentou em 0,12 dólar ou 0,5 por cento. Com isso, o ganho salarial em relação ao ano anterior foi de 2,5 por cento.

Mas, com a taxa de desemprego em uma faixa que a maioria dos economistas associa ao emprego pleno, o crescimento dos salários deve acelerar este ano.

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