Prêmio das ações do Itaú Unibanco sobre Bradesco pode diminuir, dizem analistas

SÃO PAULO (Reuters) - Alguns profissionais de mercado avaliam que o prêmio que as ações do Itaú Unibanco têm sobre as do Bradesco vai diminuir, diante de perspectivas diferentes dos dois maiores bancos privados do Brasil.    

Com o país enfrentando a recessão mais longa em um século, as ações dos bancos devem refletir a capacidade deles de enfrentar desafios como perdas maiores do que o esperado com inadimplência, disse Eduardo Roche, da Canepa Asset Management.

Desde terça-feira, quando Itaú disse que a recessão poderia reduzir seu lucro em até 20 por cento este ano, operadores reduziram em mais de 1 bilhão de reais o volume de contratos com apostas na queda das ações do Bradesco, cujos executivos têm dito que o pior do ciclo de piora dos empréstimos já passou.  

Analistas também estão ajustando suas avaliações, com muitos dizendo o desempenho superior do Itaú não é sustentável. Alguns esperam que o retorno do Itaú sobre o patrimônio líquido (ROE) caia para cerca de 18 por cento este ano, ligeiramente abaixo do índice do Bradesco. 

"Os mercados estão apostando em queda mais rápida do ROE do Itaú do que do Bradesco", disse Eduardo Nishio, analista de setor bancário na Brasil Plural Corretora.   

A diferença de prêmio entre as ações preferenciais do Itaú e as do Bradesco caíram cerca de 25 por cento desde segunda-feira, um dia antes do Itaú apresentou perspectivas para este ano.  

O Itaú está começando a parecer caro, disse Marcelo Telles, analista do Credit Suisse Securities. O banco é negociado na bolsa pelo equivalente a 1,4 vezes o valor contábil, cerca de 40 por cento acima da avaliação atribuída ao Bradesco.  

O QUE DISSOCIAÇÃO?  

O ceticismo com as perspectivas do Itaú não é o único motivo por trás da queda das ações, disse Roche, que citou também a suspensão pelo Bradesco de uma venda de ações para ajudar a financiar a compra do HSBC no país, disse ele.    

Uma aprovação antitruste rápida do negócio e uma integração bem sucedida poderia ajudar o Bradesco cortar ainda mais o prémio, disse Nishio.    

Alguns investidores continuam inquietos sobre os diferentes pontos de vista entre a gestão dos dois bancos diante da crise no país.    

Na semana passada, o Bradesco previu crescimento carteira de crédito entre 1 por cento e 5 por cento este ano, com provisões para perdas com empréstimos devem crescer até 10 por cento sobre o ano passado. Já o Itaú prevê um aumento de cerca de 40 por cento das provisões.     

"Está sendo difícil compreender porque um é tão negativo e o outro não, uma vez que operam nos mesmos mercados", disse um gestor de fundos que não está autorizado a falar publicamente sobre seus investimentos.    

Os economistas esperam que a economia do país encolha novamente em 2016, a primeira sequência de dois anos seguidos de recessão desde a década de 1930.     Os níveis de renegociações de crédito e de inadimplência do Itaú e do Bradesco estão subindo.     

Com as perspectivas para a economia tão fracas, uma aposta otimista para o Bradesco pode ser um tiro pela culatra, disse Eduardo Rosman, analista do Banco BTG Pactual.

(Reportagem de Guillermo Parra-Bernal)

((Tradução Redação São Paulo; + 55 11 5644-7712))

REUTERS AAP JS

Receba notícias do UOL. É grátis!

UOL Newsletter

Para começar e terminar o dia bem informado.

Quero Receber

UOL Cursos Online

Todos os cursos