Carlos, o Chacal, diz ter sido beneficiado por acordo entre Suíça e palestinos

Michael Shields

Em Zurique (Suíça)

  • Reuters/Efe

    Carlos, o Chacal, em montagem com imagens de seu rosto em 2000 e 1975

    Carlos, o Chacal, em montagem com imagens de seu rosto em 2000 e 1975

Carlos, o Chacal, o guerrilheiro marxista que se tornou um símbolo do anti-imperialismo durante a Guerra Fria, disse a um jornal que se movimentou livremente pela Suíça nos anos 1970 graças a um "pacto de não agressão" entre o governo e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP).

Chacal afirmou, em entrevista por telefone ao jornal "Neue Zuercher Zeitun", de sua prisão na França, que se sentia tão seguro que voou para o aeroporto de Zurique, em vez de Viena, quando estava a caminho da Áustria para realizar seu maior feito: o sequestro de ministros na sede da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) em 1975.

Seus comentários, publicados nesta segunda-feira (7), devem incendiar um debate em que se questiona se as autoridades suíças concordaram em segredo a fazer vista grossa a atividades da OLP na década de 1970 e lhe dar apoio diplomático em troca do fim de ataques contra alvos suíços.

O jornal disse ter feito contato com o venezuelano de 66 anos, cujo nome é Ilich Ramírez Sánchez, por meio de seu advogado. Ramírez está cumprindo penas de prisão perpétua na França por seus ataques.

Ele afirmou ao diário ser fato conhecido entre militantes da OLP que eles não seriam presos na Suíça, com a condição de que se abstivessem de causar problemas. "É claro que nos ativemos a isso", disse.

Chacal se lembra de ter visto um cartaz de "procura-se" com sua foto na cabine de segurança quando estava na fila de verificação de passaportes, depois de voar de Beirute (Líbano) para Zurique (Suíça) a caminho de Viena (Áustria), e que foi liberado com seu falso passaporte sul-americano.

Ramírez se tornou célebre ao sequestrar os ministros da Opep em nome da causa palestina, em uma ação em que três pessoas foram mortas, e se tornou um assassino de aluguel internacional de protetores do bloco soviético.

Mas a mística revolucionária da qual ele desfrutou outrora, reforçada por uma boina à la Che Guevara, jaqueta de couro e óculos escuros, se desgastou depois que ele foi capturado por forças especiais francesas em Cartum (Sudão) em 1994.

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