CPFL compra energia de usinas eólicas próprias e obtém R$764,1 mi com BNDES

SÃO PAULO (Reuters) - A CPFL Energia fechou a compra de toda a capacidade de dois complexos eólicos que estão sendo construídos por sua subsidiária CPFL Renováveis, em uma operação que garantiu a assinatura de financiamento de 764,1 milhões de reais do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para os empreendimentos.

O contrato de venda da produção por um período de 20 anos foi fechado junto à unidade de comercialização de eletricidade da companhia, a CPFL Brasil, e teve um preço "semelhante" ao praticado nos leilões de contratação de energia promovidos pelo governo federal, afirmou à Reuters o presidente da CPFL Renováveis, André Dorf, nesta sexta-feira.

"O mérito dessa negociação foi trazer para o credor, o BNDES, uma segurança muito parecida com a que ele tem no mercado regulado... isso abre um caminho para operações parecidas com a própria CPFL Brasil ou com outras comercializadoras do mercado", disse o executivo.

Ele disse que a CPFL Brasil revenderá a energia produzida pelas eólicas a clientes do mercado livre de eletricidade, principalmente indústrias de menor porte e centros comerciais, que são chamados nesse ambiente de "consumidores especiais" e por lei podem negociar apenas a compra de energia renovável.

As usinas financiadas somam 231 megawatts em capacidade instalada e deverão iniciar operação comercial ainda a partir deste mês, sendo que estarão completamente concluídas em novembro.

Segundo a CPFL, 270,6 milhões de reais do financiamento acertado anteriormente já foram desembolsados pelo BNDES para os empreendimentos, e o restante será liberado de acordo com o andamento das obras. O financiamento será por um prazo de 16 anos.

O mercado livre de eletricidade tem crescido fortemente neste ano, conforme a redução do consumo no país devido à recessão e as boas chuvas reduziram os preços dos contratos nesse segmento.

O número de consumidores especiais caminha para crescer mais de 30 por cento neste ano, segundo dados preliminares da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o que a CPFL Renováveis espera que gere uma grande demanda pela compra de contratos de energia eólica.

"Essa migração (de clientes regulados para o mercado livre) está originando interesse das comercializadoras, que compram energia no longo prazo de fontes renováveis para atender seus clientes... esses movimentos estão ligados", disse Dorf.

Ele ainda destacou que o financiamento obtido pela companhia foi na modalidade project finance, em que não é necessário dar garantia corporativa, uma vez que o banco conta com o próprio fluxo de receitas do empreendimento financiado para quitar o empréstimo.

"Isso é bom para o balanço (da empresa) e no fundo é a modalidade correta para esse perfil de projeto... a grande inovação foi conseguir financiar nessa modalidade".

O presidente da CPFL Renováveis disse que as usinas no mercado livre são um dos caminhos para a companhia crescer, junto com as vendas de energia em leilões regulados e aquisições.

"No fundo, avaliamos projeto a projeto qual a melhor solução comercial no momento, dado o perfil dos contratos, os riscos".

Ele não quis comentar, no entanto, o preço-teto definido pelo governo federal para usinas eólicas no leilão de energia A-5 de 29 de abril, de 223 reais por megawatt-hora.

(Por Luciano Costa; edição de Roberto Samora)

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