Aliado de Temer, Moreira Franco diz que números indicam "vitória" de impeachment na Câmara

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Conversas com lideranças regionais e políticos indicam que já existe o apoio dos dois terços de deputados necessários para levar o processo de impeachment ao Senado, disse nesta segunda-feira o ex-ministro Moreira Franco (PMDB), para quem um governo comandado pelo vice-presidente Michel Temer teria como maior prioridade a reorganização da economia brasileira.

Um dos políticos mais próximos a Temer, que é presidente licenciado do PMDB, Moreira Franco disse que o governo Dilma está isolado e sem condições políticas e administrativas de retomar as rédeas do país, de modo que não há outra alternativa para acalmar e reunificar o país que não seja seu afastamento.

“Todas as indicações são de que Rede, PSB, PP em grande parte estão apoiando o impedimento e os números indicam a vontade da opinião pública. Os números nos indicam o caminho da vitória e isso tende a crescer com a má vontade nas ruas e no país”, disse Moreira Franco em entrevista à mídia estrangeira no Rio de Janeiro.

O ex-ministro da Aviação Civil no governo Dilma acusou o governo de estar usando a máquina pública e os cargos federais para tentar cortejar parlamentares a votarem contra o afastamento da presidente. O PMDB era o maior partido da coalizão governista até o desembarque no final do mês passado, mas seus ministros continuaram nos cargos apesar da decisão da legenda.

Ao ser questionado se o PMDB e a oposição poderiam fazer contrapropostas aos parlamentares para obter apoio ao afastamento da presidente, Moreira Franco admitiu o menor poder de fogo de quem está fora do governo.

“Quem entra numa negociação dessa, não quer mercado futuro, isso é para jogador, tem margem de risco enorme. Quem está lá quer pagamento à vista e na hora, e nós não temos isso na mão”, disse.

ECONOMIA

Um governo Temer terá a economia como “o primeiro, o segundo e o terceiro problemas” a serem resolvidos para que o país volte a crescer e possa recuperar conquistas obtidas nos últimos anos, segundo Moreira Franco.

O ex-ministro ainda condenou as chamadas pedaladas fiscais, base para o início do processo de impeachment, criticou o déficit primário do governo e o excesso de gastos públicos, o inchaço da máquina pública e defendeu uma parceria mais próxima com a iniciativa privada.

“Se não se restabelecer a credibilidade, a segurança jurídica e as regras transparentes não dá”, disse.

No campo social, a ideia é manter programas como Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida, mas acabar com a regra atual de correção do salário mínimo que leva em conta a inflação e o PIB passados. “Isso cria uma indexação na economia”.

(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier)

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