Sindicalistas reclamam com Temer sobre programa de eventual governo

Lisandra Paraguassu

Em Brasília

  • Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

    O presidente da Força Sindical, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) (centro), deixa o Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) ao lado de sindicalistas

    O presidente da Força Sindical, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) (centro), deixa o Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) ao lado de sindicalistas

O vice-presidente Michel Temer reuniu-se nesta terça-feira com representantes de quatro centrais sindicais contrárias ao governo atual e ouviu reclamações sobre pontos do programa peemedebista que pretende tirar do papel caso assuma a Presidência, incluindo o fim da política de reajuste do salário mínimo e a desvinculação do aumento dos benefícios previdenciários ao mínimo.

De acordo com Antonio Neto, da Central Sindical Brasileira (CSB), os sindicalistas pediram a Temer que não seja encerrada a política de reajuste real do salário mínimo prevista até 2018, em que o aumento é calculado sobre a inflação mais a variação do Produto Interno Bruto.

"Essa lei vence em 2018. Por que mexer em uma coisa que nos defendemos contrário em qualquer medida? Vamos deixar da maneira que está", afirmou.

Os representantes dos sindicatos também mostraram preocupação com propostas presentes no documento do PMDB intitulado "Uma Ponte para o Futuro" sobre mudanças na Previdência. Uma delas é a desvinculação do reajuste dos benefícios ao valor do salário mínimo. A outra, a criação de uma idade mínima para a aposentadoria.

Eu disse que as maldades da reforma da Previdência já foram feitas, todas essas teses que alguns trouxeram para ele, como aumentar os anos de contribuição. A partir de 2026 o fator será 90/100. Não há necessidade de discutir isso agora."

Antonio Neto, da Central Sindical Brasileira

As centrais simpáticas a um possível governo Temer pediram um encontro com o vice-presidente mostrando preocupação com propostas defendidas pelos peemedebistas. Além da reforma da Previdência, o grupo próximo a Temer tem falado em apoio ao projeto de terceirização, aprovado pela Câmara "que permite a terceirização inclusive de atividades-fim das empresas" e mudanças na lei trabalhista que permitam o uso de acordos coletivos de trabalho.

Reforma trabalhista

Na tarde desta segunda-feira, fontes próximas ao vice-presidente confirmaram sua intenção de, confirmado o afastamento da presidente Dilma Rousseff, aproveitar o que vê como um bom momento no Congresso para tentar aprovar propostas difíceis, entre elas a reforma trabalhista e uma reforma previdenciária.

Neste último caso, no entanto, os peemedebistas reconhecem que pode ser difícil trabalhar com uma idade mínima e estão pensando em acelerar o cronograma da fórmula de anos de contribuição somados à idade.

Temer teria dito aos sindicalistas que pretende fazer o que "fez sua vida inteira", que é cumprir um papel de conciliação, e que algumas coisas terão que ser conversadas, de acordo com os representantes das centrais sindicais.

"Ele tem uma cara que você não sabe o que ele está pensando, mas ele ouve. O mais importante agora é encontrar interlocutores que nos ouçam. Nós podemos não ajudar em algumas coisas e podemos atrapalhar bastante", afirmou Neto.

Os sindicalistas apresentaram ainda uma pauta de reivindicações. Entre os pedidos, a aprovação de um projeto de taxação de grandes fortunas, a manutenção da valorização do salário mínimo e a correção da tabela dos impostos de renda.

"A proposta passa pela taxação de grandes fortunas e sobre as remessas de lucro e a criação de impostos sobre uso de helicópteros, lanchas, jet skis", explicou Miguel Torres, vice-presidente da Força Sindical. De acordo com Torres, a taxação de bens de luxo e grandes fortunas poderia trazer uma arrecadação de 100 bilhões de reais.

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