Dólar sobe 2,33%, maior alta em mais de um mês e vai acima de R$3,55, com cena externa

Por Flavia Bohone

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subiu mais de 2 por cento nesta terça-feira, maior alta em um mês e meio e que o levou acima de 3,55 reais, acompanhando a piora do cenário externo e maior aversão a risco sobretudo nos mercados emergentes, após dados ruins sobre a China.

Ajudou também a atuação do Banco Central, que realizou leilão de swaps cambiais reversos --equivalentes à compra futura de dólares-- no início dos negócios.

O dólar avançou 2,33 por cento, a 3,5712 reais na venda, maior alta desde 15 de março (+3,03 por cento), depois de ter batido 3,5828 reais na máxima do dia. Só nos dois primeiros pregões deste mês, a moeda norte-americana acumulou ganho de 3,81 por cento.

O dólar futuro subia cerca de 1,85 por cento no fim da tarde.

"Os dados da China hoje pegaram de jeito as commodities e isso acaba afetando as moedas de emergentes como um todo", disse o operador da corretora Correparti Jefferson Luiz Rugik.

A atividade industrial da China encolheu pelo 14º mês seguido em abril, mostrando fragilidade da segunda maior economia do mundo. O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) do Caixin/Markit da China recuou para 49,4, contra expectativa do mercado de 49,9 e ante 49,7 em março.

A queda nos preços do petróleo também ajudou a alimentar a aversão ao risco nesta sessão, por preocupações com o aumento da produção no Oriente Médio e no Mar do Norte, renovando os receios em torno do excesso de oferta global.

Com isso, o dólar também subia em relação a moedas de países como o México e Chile.

No mercado local, a atuação do BC também ajudou a puxar o dólar. Pela manhã, a autoridade monetária vendeu 9,8 mil swaps cambiais reversos da oferta total de até 20 mil contratos. Com a piora no cenário externo, que acentuou a alta do dólar no Brasil, o BC não anunciou novo leilão para tentar colocar o restante dos contratos não vendidos na primeira tranche, como fez recentemente.

Nos dois pregões anteriores, o BC havia voltado a atuar com mais força no mercado de câmbio após o dólar ir abaixo de 3,45 reais. Para muitos especialistas, a autoridade monetária não quer a moeda abaixo de 3,50 reais para não prejudicar as exportações e, assim, as contas externas do país.

A cena política permaneceu no radar dos investidores. Na véspera, Henrique Meirelles, ex-presidente do BC e já indicado para comandar o ministério da Fazenda num provável governo de Michel Temer, disse que é preciso reverter a trajetória da dívida pública e ter claro o que é preciso fazer para o país sair do atual ciclo econômico negativo.

Na próxima semana, o Senado vota o afastamento temporário da presidente Dilma Rousseff.

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