OMS fará reunião sobre Zika e Olimpíada; Brasil minimiza riscos

Por Stephanie Nebehay e Julie Steenhuysen

GENEBRA/CHICAGO (Reuters) - A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou nesta terça-feira que irá reunir especialistas na próxima semana para discutir sobre o surto de Zika, incluindo seu impacto nos Jogos Rio 2016, num momento em que novas pesquisas sugerem apenas um pequeno risco de infecção na Olimpíada e o Brasil minimiza a possibilidade de transmissão do vírus no evento de agosto.

O encontro emergencial marcado para 14 de junho será o terceiro da OMS sobre o Zika vírus. Esses painéis são realizados a cada três meses para analisar novas evidências e considerar se o Zika, ligado a uma má-formação congênita, deve ainda ser classificado como emergência de saúde internacional.

A reunião acontece em meio a crescentes preocupações sobre a realização da Olimpíada no Brasil, país mais atingido pelo Zika. Autoridades brasileiras confirmaram mais de 1.400 casos de microcefalia em bebês cujas mães foram infectadas pelo Zika durante a gravidez. A OMS aconselhou que mulheres grávidas evitem viajar a áreas onde há surto do Zika e que homens infectados ou expostos ao vírus pratiquem sexo seguro, ou se abstenham, por até seis meses.

O grupo de especialistas independentes, que declarou emergência internacional para o Zika em 1º de fevereiro e se reuniu pela última vez em 8 de março, irá "analisar evidências sobre a Olimpíada e provavelmente revisar o guia de viagens sobre ela", disse o porta-voz da OMS Christian Lindmeier.

O comitê organizador dos Jogos afirmou que não houve nenhum caso de infecção de Zika entre os 17 mil atletas, voluntários e autoridades durante os eventos-teste para a competição.

O governo brasileiro reiterou que o clima mais frio no qual será realizado o evento diminui a possibilidade de transmissão do vírus e que segue cooperando com organizações internacionais.

"As taxas de incidência de dengue e de outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti são historicamente reduzidas nos meses de julho e agosto, redução que será ainda mais acentuada pelas ações preventivas tomadas pelos três níveis de governo", informou o Ministério das Relações Exteriores em comunicado.

"Posições públicas recentemente expressas, no sentido de que seria necessário o adiamento ou a transferência dos Jogos, não estão baseadas em dados científicos."

Uma carta assinada por mais de 200 bioeticistas e especialistas da área da saúde pediu o adiamento ou transferência dos Jogos Rio 2016 pela OMS para evitar a aceleração de uma epidemia. A OMS rejeitou o pedido, dizendo que os Jogos não possuem impacto suficiente à saúde pública.

Mas, na semana passada, a agência informou que vai assumir o assunto durante encontro do comitê de emergência.

"A função do comitê de emergência é revisar todas as novas ciências e todas as novas evidências que surgiram nos últimos meses e revisar suas próprias recomendações, para fazer novas recomendações e divulgar novos guias", disse Lindmeier.

Uma nova pesquisa que tentou calcular o risco de disseminação do Zika vírus na Olimpíada do Rio pode tranquilizar os organizadores e cerca de 500 mil atletas e torcedores estrangeiros que visitarão o Brasil para os Jogos de agosto.

Um grupo de pesquisa de São Paulo previu que a Rio 2016 não irá resultar em mais do que 15 infecções de Zika entre visitantes estrangeiros, de acordo com dados vistos pela Reuters.

A projeção ecoa a de outro grupo de cientistas brasileiros, também da Universidade de São Paulo (USP), em um estudo publicado no periódico científico Epidemiology & Infection em abril. A análise revelou que a Olimpíada não irá provocar mais do que 16 casos adicionais da doença.

(Reportagem adicional de Anna Driver, em Nova York, Paulo Prada, no Rio de Janeiro e Nivedita Shankar, em Bengaluru)

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