Topo

Venezuela critica "golpe" do Mercosul após suspensão do bloco

A chanceler venezuelana, Delcy Rodriguez - Federico Parra/AFP
A chanceler venezuelana, Delcy Rodriguez Imagem: Federico Parra/AFP

Em Buenos Aires e Brasília

02/12/2016 17h01

A Venezuela acusou o Mercosul nesta sexta-feira (2) de realizar um "golpe", depois que o bloco decidiu suspender o país andino por não cumprimento de suas obrigações de adesão ao bloco econômico.

Em carta endereçada à ministra das Relações Exteriores da Venezuela, Delcy Rodríguez, o Mercosul informou a Venezuela sobre a "cessação do exercício dos direitos inerentes a um país-membro".

Após uma década de forte crescimento econômico e políticas de esquerda ao redor da América do sul que levaram o Mercosul a abraçar a Venezuela, a suspensão agora enfatiza a divisão ideológica na região, que sofre com a queda nos preços das commodities e com a fragilidade econômica.

A decisão do bloco também isola ainda mais o governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que é acusado de exacerbar as crises política, econômica e humanitária que assolam o país.

A chanceler venezuelana disse não ter sido notificada conforme determinam as regras do bloco e que a Venezuela é vítima de "um golpe no coração do Mercosul".

"Um Mercosul ilegal está nascendo", afirmou ela em entrevista coletiva em Caracas.

Os líderes do Mercosul --que também inclui Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai--, deram em setembro um ultimato até 1º de dezembro para a Venezuela. Eles decidiram na quinta-feira que as condições para que o país fosse mantido no bloco não foram dadas, disse o Ministério das Relações Exteriores da Argentina em comunicado nesta sexta.

Para reingressar ao Mercosul, a Venezuela terá de renegociar os termos de sua participação de acordo com as regras comerciais e de imigração do bloco.

A Venezuela disse ao bloco que cerca de 130 normas, que incluem um acordo sobre direitos humanos, são "inadmissíveis". Isso sinaliza que qualquer negociação para uma readmissão deve ser tensa e levar anos, disse uma autoridade brasileira envolvida nas negociações com a Venezuela.

"Eles não poderão reingressar no bloco se houver alguma coisa que vá fundamentalmente contra o Mercosul", disse a autoridade, que pediu por anonimato para poder falar livremente sobre o assunto.

A Venezuela entrou no Mercosul em 2012.