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Violência se alastra por subúrbios de Paris após acusação de estupro cometido por policiais

Brian Love*

Em Paris

08/02/2017 09h05

Casos de violência se espalharam pelos subúrbios do norte de Paris pela quarta noite seguida e a polícia prendeu 12 pessoas, informaram autoridades nesta quarta-feira (8), em meio a acusações de que policiais estupraram e espancaram um homem detido.

Dezenas de veículos e uma creche foram incendiados por jovens que entraram em confronto com a polícia em uma área da capital francesa na qual distúrbios ocorridos em 2005 atraíram a atenção do mundo para o contraste chocante entre a Paris rica e os subúrbios que a cercam.

Além de danificarem a creche e um atacadista de automóveis, os jovens também usaram um carrinho de compras repleto de coquetéis molotov, disse a polícia.

A confusão começou em Aulnay-sous-Bois no dia 2 de fevereiro, quando quatro policiais foram acusados de usar força excessiva ao prender um jovem de 22 anos, o que incluiu estuprá-lo com um cassetete.

"Por hora estamos falando de confrontos muito violentos, mas isolados", disse Luc Poignant, do sindicato policial SGP.

Embora muito mais limitados do que 12 anos atrás, os tumultos serviram como lembrete das tensões latentes em bairros com índice de desemprego acima da média e grandes populações de imigrantes na iminência de uma eleição presidencial.

O desemprego em Aulnay-sous-Bois é quase o dobro da média nacional de 10 por cento.

"Lamentavelmente, estes bairros se tornaram guetos", disse o representante de polícia Yves Lefebvre, segundo o qual os agentes não foram suficientemente treinados e equipados para lidar com os problemas dos amplos subúrbios, onde o tráfico de drogas viceja.

Os quatro policiais foram suspensos à espera de um inquérito. Um está sendo investigado formalmente por suspeita de estupro, e os outros três por violência desnecessária.

A vítima, um jovem negro, pediu calma, e ele e seus familiares dizem confiar que o sistema de justiça irá lidar com o assunto adequadamente.

O presidente francês, François Hollande, visitou o jovem na terça-feira no hospital de Aulnay.

A polícia disse que os conflitos da noite de terça-feira ocorreram principalmente em cidades ao redor de Aulnay-sous-Bois, que permaneceu relativamente calma.

*Reportagem adicional de Marine Pennetier