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Forças de segurança da Venezuela entram em confronto com manifestantes

Policial dispara bala de borracha em direção a manifestantes em Caracas, na Venezuela - Ariana Cubillos/AP
Policial dispara bala de borracha em direção a manifestantes em Caracas, na Venezuela Imagem: Ariana Cubillos/AP

Em Caracas

04/04/2017 15h35

 Forças de segurança da Venezuela dissiparam manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo, canhões d'água e spray de pimenta em Caracas nesta terça-feira (4), após impedirem o avanço de uma manifestação de oposição contra o impopular presidente Nicolás Maduro.

A polícia lançou spray de pimenta contra vários líderes de oposição, de acordo com testemunhas, incluindo o presidente da Assembleia Nacional, Julio Borges, o ex-candidato presidencial Henrique Capriles e Lilian Tintori, mulher do proeminente ativista preso Leopoldo López.

Os confrontos começaram depois que as autoridades da Venezuela fecharam estações de metrô, interditaram uma praça central e montaram postos de verificação adicionais em Caracas antes de uma manifestação contra o governo socialista de Maduro.

Os apoiadores de Maduro também planejam sua própria passeata. Com medo de confrontos, alguns moradores resolveram ficar em casa, e alguns pontos comerciais ficaram fechados.

Nove pessoas ficaram feridas, uma delas baleada, durante o protesto.

Um jovem manifestante levou um tiro na perna, mas está "fora de perigo", disse à Ramón Muchacho, prefeito de Caracas.

Os demais feridos também não estão em estado grave, acrescentou o funcionário, assinalando que apresentam "traumas", como uma jovem que foi atropelada por um motociclista no meio de uma briga.

4.abr.2017 - Homem cobre a testa com um pano após ter sido atingido por pedra durante confronto entre policiais e opositores, em Caracas, na Venezuela - Carlos Garcia Rawlins/Reuters - Carlos Garcia Rawlins/Reuters
Homem cobre a testa com um pano após ter sido atingido por pedra durante confronto entre policiais e opositores, em Caracas
Imagem: Carlos Garcia Rawlins/Reuters

As tensões se elevaram depois que o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) pró-Maduro anulou as funções do Congresso, dominado pela oposição, na semana passada.

Embora a corte tenha voltado atrás na medida no fim de semana, a Assembleia Nacional continua impotente devido a veredictos anteriores do judiciário. A pressão internacional contra Maduro aumentou, e os protestos desarticulados dos opositores foram retomados.

"Foi o senhor Maduro que ordenou que se fechassem todos os acessos a Caracas para impedir as pessoas de expressarem seu repúdio", disse o líder opositor Henrique Capriles. "Ele está aterrorizado".        

Atingido por críticas da maioria da América Latina, Maduro afirma que o governo dos Estados Unidos e outros inimigos estão tentando alimentar a histeria contra ele para preparar o terreno para um golpe.

O governo Maduro está particularmente furioso com o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, que está à frente da condenação regional da Venezuela.

4.abr.2017 - Manifestantes se cobrem com uma cerca durante confronto entre opositores e a polícia em Caracas, na Veenzuela - Fernando Llano/AP - Fernando Llano/AP
Manifestantes se cobrem com uma cerca durante confronto entre opositores e a polícia em Caracas
Imagem: Fernando Llano/AP

"A direita venezuelana está planejando ações violentas para dar a Almagro uma desculpa que justifique uma agressão", disse Jorge Rodriguez, membro do alto escalão do governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).

"Vocês estão tentando promover a morte de venezuelanos".

A oposição conquistou a maioria da Assembleia Nacional no final de 2015, mas o TSJ reverteu quase todas suas medidas.

4.abr.2017 - Policiais carregam manifestante durante confrontos em manifestação em Caracas, na Venezuela - Ariana Cubillos/AP - Ariana Cubillos/AP
Policiais carregam manifestante durante confrontos em manifestação em Caracas
Imagem: Ariana Cubillos/AP

A Assembleia planejava iniciar procedimentos ainda nesta terça-feira para afastar os juízes do tribunal, mas o gesto só teria valor simbólico, já que a Casa não tem poder de fato para atuar.

A legislatura também deve debater moções para denunciar a "ruptura da ordem constitucional" na Venezuela.

Policiais com escudos se posicionaram na manhã desta terça-feira nos arredores da Plaza Venezuela de Caracas, onde partidários da oposição tinham planejado se reunir antes de rumar para a Assembleia Nacional.

O tráfego estava lento nas principais rodovias de acesso à capital devido ao aumento de barreiras policiais.