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Procuradora destituída por Maduro diz que não dorme 2 noites no mesmo lugar e teme por sua vida

Carlos Garcia Rawlins/Reuters
Imagem: Carlos Garcia Rawlins/Reuters

Girish Gupta

Em Caracas

10/08/2017 17h40

Luisa Ortega, a procuradora-geral destituída por Nicolás Maduro na Venezuela, teme por sua vida e afirma ser vítima de uma perseguição política. Ex-aliada do presidente Hugo Chávez, Ortega rompeu com Nicolás Maduro e denunciou a quebra constitucional depois de mais de quatro meses de protestos nas ruas contra o governo, que já deixaram mais de 120 mortos.

“Eu não sei qual é o propósito e os planos obscuros que eles podem ter, não somente para me privar da liberdade, mas também da minha vida”, disse Ortega em entrevista para a agências de notícias Reuters em seu apartamento em Caracas, onde ela estaria por somente algumas horas, já que nunca dorme na mesma casa por duas noites seguidas.

A Assembleia Constituinte promovida por Maduro e rechaçada por Ortega designou um novo procurador-geral no fim de semana, e o Supremo venezuelano decidiu que ela será processada por supostas irregularidades.

"Quero denunciar para a comunidade internacional que vivo uma perseguição permanente, em minha casa e nos lugares por onde passo”, disse. “Onde estão os meus direitos?", acrescentou. Ela contou que, por medidas de segurança, um veículo  segue seus passos e pessoas tiram fotos dos locais em que ela chega, além de trocar de local para dormir todas as noites,

A advogada de 59 anos considera irregular a sua destituição e reiterou que "todos" os seus direitos estão sendo violados com medidas que “carecem de fundamento”. “Neste país existe o cargo de procuradora-geral –e sou a procuradora-geral e cidadã venezuelana –e me negam todos os direitos”, afirmou.

Sábado, poucas horas a Assembleia a destituir do cargo, cerca de 200 militares cercaram a sede do Ministério Público e a impediram de entrar em seu escritório. Ela fugiu do local em uma moto e um de seus guarda-costas foi preso.

Maduro e outros integrantes de seu governo acusam Ortega de traição e afirmam que ela é cúmplice de algumas das mortes ocorridas durante a onda de protestos. Ortega, que ocupou o cargo de procuradora-geral por mais de uma década, anunciou em seus últimos dias no cargo uma enxurrada de acusações contra funcionários do governo por corrupção e violação de direitos humanos.

Ortega afirma que ainda mantém reuniões com representantes locais e estrangeiros, sem distinção de religião ou posição política, para “seguir lutando pelo direito dos venezuelanos”.