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ONU pede que Brasil envie soldados de paz para República Centro-Africana

Minustah, missão brasileira no Haiti, foi encerrada após 13 anos - Márcio Alves / Agência O Globo
Minustah, missão brasileira no Haiti, foi encerrada após 13 anos Imagem: Márcio Alves / Agência O Globo

Anthony Boadle

Em Brasília

27/11/2017 20h48

A Organização das Nações Unidas pediu ao Brasil que envie tropas para se juntar à missão de paz na República Centro-Africana, disse Jean-Pierre Lacroix, chefe das operações de manutenção de paz da ONU, em entrevista nesta segunda-feira (27).

O Conselho de Segurança da ONU aprovou neste mês o envio de mais 900 soldados da paz para proteger civis no país, onde a violência entre muçulmanos e cristãos irrompeu em 2013.

Lacroix afirmou que a violência aumentou no leste, em grande parte devido a um vácuo de segurança deixado pela saída das tropas da Uganda, que haviam sido parte de uma força-tarefa separada da União Africana apoiada pelos EUA, que rastreava rebeldes do Exército de Resistência do Senhor.

O pedido por tropas do Brasil, que acaba de encerrar uma missão de 13 anos no Haiti, deve ser ratificado pelo presidente Michel Temer e aprovado pelo Congresso.

"O Brasil tem um grande grau de conhecimento e profissionalismo e precisamos definitivamente desse tipo de tropa em nossas operações de manutenção da paz", disse Lacroix à Reuters em Brasília, antes de uma reunião com a mais alta patente das Forças Armadas do país.

As tropas realizaram um trabalho "fantástico, realmente excepcional" no Haiti, onde melhoraram a situação da segurança ao estabelecer uma relação de confiança com a população haitiana e exibiram boa conduta e disciplina, disse ele.

O Brasil está se recuperando de sua pior recessão e um grande déficit orçamentário do governo pode pesar na decisão de enviar mais tropas para o exterior, ainda que a contribuição para a manutenção da paz tenha melhorado a influência internacional do país.

As forças de paz da ONU estão enfrentando pressão dos Estados Unidos pela redução de custos. Washington paga mais de 28 por cento dos 7,3 bilhões de dólares anuais do orçamento de manutenção de paz da ONU.

Em junho, a ONU concordou com cortes de 600 milhões de dólares para mais de uma dúzia de missões para o ano que encerra em 30 de junho de 2018.

Lacroix afirmou que a missão de paz na Costa do Marfim foi encerrada, o envio de tropas a Darfur, no Sudão, foi reduzido e no próximo ano a operação de paz na Libéria será encerrada.

"Há uma expectativa de sermos prudentes e usarmos nossos recursos da maneira mais economicamente viável que pudermos", disse Lacroix, diplomata francês no cargo desde abril.

Os objetivos políticos e a eficiência de quase todas as 15 operações de paz da ONU estão sob revisão, segundo Lacroix.