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Trump diz que Rússia está ajudando Coreia do Norte a burlar sanções

Presidente dos EUA, Donald Trump, concede entrevista à repórteres da Reuters, na Casa Branca - Kevin Lamarque/ Reuters
Presidente dos EUA, Donald Trump, concede entrevista à repórteres da Reuters, na Casa Branca Imagem: Kevin Lamarque/ Reuters

Steve Holland

Em Washington

18/01/2018 12h54

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quarta-feira que a Rússia está ajudando a Coreia do Norte a obter suprimentos em violação a sanções internacionais e que Pyongyang está "se aproximando a cada dia" de ser capaz de disparar um míssil de longo alcance contra os Estados Unidos.

"A Rússia não está nos ajudando nada com a Coreia do Norte", disse Trump durante entrevista à Reuters no Salão Oval da Casa Branca. "O que a China está nos ajudando, a Rússia está atrapalhando. Em outras palavras, a Rússia está compensando o que a China está fazendo."

Com a Coreia do Norte persistindo como maior desafio global para Trump neste ano, o presidente colocou dúvidas na entrevista de 53 minutos sobre se conversas com o líder norte-coreano, Kim Jong Un, seriam úteis. No passado, ele não descartou conversas diretas com Kim.

Ele não quis comentar quando perguntado se havia se comunicado de alguma forma com Kim, com quem tem trocado insultos e ameaças, aumentando as tensões na região.

“Eu me sentaria, mas não tenho certeza de que isso vá resolver o problema”, declarou ele, notando que negociações passadas com os norte-coreanos pelos seus antecessores não conseguiram controlar os programas nuclear e de mísseis da Coreia do Norte.

“Eu não tenho certeza que conversações vão levar a algo significativo. Eles têm negociado por 25 anos e se aproveitado dos nossos presidentes, dos nossos presidentes anteriores”, afirmou.

Trump elogiou a China pelos esforços em restringir o fornecimento de petróleo e carvão para a Coreia do Norte, mas disse que Pequim poderia fazer muito mais para conter Pyongyang.

Ele ressaltou, no entanto, que a Rússia parece estar ocupando o espaço deixado pelos chineses.

Fontes da área de segurança da Europa Ocidental disseram à Reuters em dezembro que navios russos haviam abastecido a Coreia do Norte com combustível em pelo menos três ocasiões em meses recentes, transferindo carregamentos no mar e violando as sanções internacionais. A Rússia nega ter violado as sanções.

A Coreia do Norte depende de combustível importado para manter a sua economia operando. Ela também precisa de petróleo para os programas nuclear e de mísseis balísticos intercontinentais.

Trump tem culpado a investigação nos EUA sobre uma possível interferência da Rússia nas eleições de 2016 por dificultar uma melhora das relações norte-americanas com os russos.

"Ele pode fazer muito", disse Trump sobre o presidente da Rússia, Vladimir Putin. "Mas infelizmente nós não temos muito uma relação com a Rússia, e, em alguns casos, é provável que o que a China tira a Rússia dá. Então, o saldo não é tão bom quanto poderia ser."

Trump, que lida com testes nucleares e de mísseis norte-coreanos desde que assumiu o poder há um ano, afirmou que Pyongyang avança de forma firme para ser capaz de lançar um míssil contra os EUA.

"Eles ainda não chegaram lá, mas estão perto. E eles se aproximam a cada dia", disse Trump.

O presidente não disse se considera um ataque limitado para mostrar à Coreia do Norte a seriedade dos EUA com o tema.

“Nós estamos jogando um jogo muito, muito duro de pôquer, e você não quer revelar a sua mão”, afirmou ele. (Reportagem adicional de Jeff Mason, Roberta Rampton, Ayesha Rascoe, Jim Oliphant e Matt Spetalnick)