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Movimento para controle de armas nos EUA obtém primeiras vitórias no Congresso

Manifestantes marcham com cartazes nos EUA - Shannon Stapleton/Reuters
Manifestantes marcham com cartazes nos EUA Imagem: Shannon Stapleton/Reuters

Peter Szekely

Em Nova York

25/03/2018 16h31

O movimento norte-americano para controle de armas liderado por jovens, que promoveu grandes manifestações neste fim de semana, já estimulou o Congresso a promover pequenas mudanças na legislação sobre armas de fogo, mas deve continuar ativo se quiser obter mais reformas, disseram parlamentares no domingo.

O movimento que surgiu após o massacre em 14 de fevereiro na Marjory Stoneman Douglas High School, em Parkland, na Flórida, gerou uma comoção nacional sobre os direitos ao porte de armas e faz pressão contra o impasse legislativo sobre o assunto, disseram eles.

"O ativismo desses jovens está realmente mudando a equação", disse o senador Tim Kaine, um democrata da Virgínia, um dia depois de centenas de milhares de manifestantes se reunirem em Washington.

Escondidas em uma lei de gastos de 1,3 trilhão de dólares que o Congresso aprovou na semana passada, estão modestas melhorias que exigem verificações de antecedentes para a venda de armas e impõem fim à proibição para que os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos estudem as causas da violência armada.

"Essas são duas coisas que não poderíamos ter feito no passado", disse Kaine no programa "State of the Union", da CNN. "Mas o engajamento ativo dos jovens convenceu o Congresso de que é melhor fazer alguma coisa."

O projeto de lei orçamentária, que o presidente Donald Trump assinou na sexta-feira, também inclui subsídios para ajudar as escolas a evitar a violência armada.

A administração Trump também deu um passo na sexta-feira para proibir a venda de dispositivos que permitem que armas semiautomáticas disparem como metralhadoras - que ajudaram o atirador Stephen Paddock a massacrar 58 pessoas em Las Vegas em outubro.

Um dos principais focos da marcha de sábado em Washington, que foi replicada em 800 cidades em todo o país, foi um esforço para transformar a emoção em ativismo político. Os norte-americanos votarão em novembro para escolha de deputados para toda a Câmara dos Deputados dos EUA e para um terço do Senado.

Defensores do controle de armas pediram verificações universais de antecedentes sobre as pessoas que compram armas, a proibição de venda de fuzis automáticos, como o usado para matar 17 estudantes e funcionários em Parkland, e cartuchos de munição de grande capacidade.

O senador Mark Warner, outro democrata da Virgínia, declarou na esteira do movimento liderado por estudantes que a partir de agora apoiará a proibição de tais fuzis.

"Acho que é hora de mudar nossas posições e reexaminá-las", disse Warner no programa "Face the Nation" da CBS News.

Para conquistar mudanças significativas, os legisladores disseram que os jovens defensores do controle de armas precisam manter sua posição diante do poderoso lobby pró-armas da Associação Nacional de Rifles e daqueles que veem a posse de armas como um direito protegido pela Constituição dos EUA.

Enquanto isso, o ex-senador republicano da Pensilvânia Rick Santorum atraiu uma resposta furiosa nas redes sociais ao dizer na CNN que, em vez de cobrarem mudanças nas leis, os alunos deveriam "fazer algo como aulas de primeiros socorros" ou fazer outros treinamentos para responder aos atiradores.