Cúpula entre Trump e Kim em Cingapura cria desafios logísticos para Coreia do Norte
A viagem do líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, a Cingapura para uma reunião de cúpula com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apresenta desafios logísticos que devem incluir o uso de aeronaves dos tempos soviéticos para transportar o líder, sua limusine e dezenas de funcionários de segurança e apoio.
A escolha de Cingapura como local do primeiro encontro da história entre um presidente norte-americano no exercício do cargo e um líder norte-coreano se deu tanto pelo fato de o país estar a uma distância e um tempo de voo razoáveis de Pyongyang quanto pela neutralidade política da ilha-estado, disse uma autoridade presidencial sul-coreana a repórteres.
Desde que assumiu o posto em 2011, Kim só fez uma viagem aérea conhecida ao exterior, quando visitou no início desta semana a cidade de Dalian, na China, para conversar com o presidente chinês, Xi Jinping. Ele voou em seu jato pessoal Ilyushin-62M acompanhado de um avião de carga que, segundo rumores transmitidos por pessoas a par dos assuntos norte-coreanos, transportou sua limusine.
Segundo um desertor familiarizado com detalhes de segurança, não se tem conhecimento de que o líder norte-coreano tenha medo de voar, ao contrário de seu pai, Kim Jong-il.
"Parece que a viagem a Dalian foi um ensaio", disse Andray Abrahamian, pesquisador da Pacific Forum CSIS e antes da Choson Exchange, um grupo sediado em Cingapura que ensina habilidades comerciais a norte-coreanos.
Situada a 4.700 quilômetros do aeroporto Sunan, de Pyongyang, Cingapura está bem dentro do alcance do Il-62M. O avião soviético de fuselagem estreita com quatro motores começou a ser usado nos anos 1970 e tem um alcance máximo de 10 mil quilômetros.
Mas o avião de carga Ilyushin-76 não consegue voar mais de 3 mil quilômetros sem reabastecer se estiver com carga máxima, por isso terá que parar em um território amistoso na rota para Cingapura, como a capital do Vietnã, ou voar com carga reduzida.
O Il-76, projetado originalmente para transportar maquinário pesado a partes remotas da União Soviética, é grande o suficiente para acomodar um ônibus escolar ou dois contêineres, segundo a operadora de voos de passageiros e de carga Antarctic Logistics & Expeditions.
Mas aeronaves deste modelo tiveram alguns problemas de segurança. No incidente mais recente envolvendo um Il-76, ocorrido no mês passado, uma queda matou as 257 pessoas a bordo depois de decolar de uma base aérea de Argel, capital da Argélia.
(Reportagem adicional de Dewey Sim, em Cingapura; e Christine Kim e Joori Roh, em Seul)
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