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Imigrantes africanos atravessam a América Latina em números recordes rumo aos EUA

12.abr.2019 - Imigrantes da África do lado de fora das instalações do Instituto Nacional de Migração (INM),em Tapachula, no estado de Chiapas, no México - Jose Torres/Reuters
12.abr.2019 - Imigrantes da África do lado de fora das instalações do Instituto Nacional de Migração (INM),em Tapachula, no estado de Chiapas, no México Imagem: Jose Torres/Reuters

Por Daina Beth Solomon

Em Tapachula, México

05/07/2019 12h09

Marilyne Tatang, de 23 anos, partiu da República de Camarões, no oeste africano, e cruzou nove fronteiras em dois meses para chegar ao México, fugindo da violência política depois que a polícia incendiou sua casa, contou.

Em breve ela planeja fazer uma viagem de ônibus de quatro dias para o norte e depois cruzar uma décima fronteira, esta dos Estados Unidos. Ela não está sozinha. Africanos estão viajando em números recordes à América do Sul e percorrendo milhares de quilômetros de estradas e uma floresta tropical para chegar aos EUA.

Marilyne, que está grávida de oito meses, pegou uma balsa em um rio mexicano no dia 8 de junho, um dia depois de o México fazer um acordo com o presidente dos EUA, Donald Trump, para fazer mais para controlar os maiores fluxos de imigrantes seguindo em direção à fronteira norte-americana em mais de uma década.

Os imigrantes que almejam entrar pela fronteira sul são na maioria centro-americanos, mas uma quantidade crescente saída de um punhado de países africanos está se unindo a eles, o que levou Trump e o México a apelarem para que outras nações da América Latina façam sua parte para frear a onda de imigrantes.

Agora que mais africanos recebem notícias de familiares e amigos que fizeram a viagem de que atravessar a América Latina para ir aos EUA é difícil, mas não impossível, mais estão empreendendo a jornada, e por sua vez estão ajudando outros a seguirem seus passos, dizem especialistas em migração.

As ameaças de Trump de reprimir os imigrantes repercutiram em todo o globo, paradoxalmente estimulando alguns a aproveitarem o que veem como uma janela de oportunidade cada vez menor, explicou Michelle Mittelstadt, diretora de comunicações do Migration Policy Institute, centro de estudos sediado em Washington.

"Esta mensagem está sendo ouvida não somente na América Central, mas em outras partes do mundo", disse.

Dados do Ministério do Interior do México indicam que a imigração da África quebrará recordes neste ano. O número de africanos registrados pelas autoridades mexicanas triplicou nos quatro primeiros meses de 2019 em relação ao mesmo período do ano passado, a maioria vinda de Camarões e da República Democrática do Congo.

(Reportagem adicional de Paul Vieira)