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Onda de calor recorde na Europa ameaça cobertura de gelo da Groenlândia

Iceberg flutuando próximo à cidade de Tasiilaq, na Groelândia - Lucas Jackson/Reuters
Iceberg flutuando próximo à cidade de Tasiilaq, na Groelândia Imagem: Lucas Jackson/Reuters

Por Tom Miles

Em Genebra

26/07/2019 08h47

O ar quente que quebrou recordes climáticos na Europa nesta semana parece estar a caminho da Groenlândia, e poderia colocar a segunda maior cobertura de gelo do mundo perto ou abaixo do recorde negativo registrado em 2012, alertou a Organização das Nações Unidas (ONU) hoje.

Clare Nullis, porta-voz da Organização Meteorológica Mundial (OMM), disse que o ar quente que sobe do norte da África não somente superou recordes de temperatura europeus na quinta-feira, mas o ultrapassou em 2, 3 ou 4 graus Celsius, o que descreveu como "absolutamente inacreditável".

"De acordo com as previsões, e isso é preocupante, agora o fluxo atmosférico transportará esse calor rumo à Groenlândia", disse ela em um boletim de rotina da ONU em Genebra.

"Isso resultará em temperaturas altas, e consequentemente no aumento do derretimento da cobertura de gelo da Groenlândia", explicou. "Ainda não sabemos se superará o nível de 2012, mas chega perto".

A cobertura de gelo da Groenlândia é parte crucial do sistema climático global, e seu derretimento provocaria a elevação do nível dos mares e um clima instável.

A Groenlândia não vinha tendo um ano excepcional até junho, mas seu gelo vem derretendo rapidamente nas últimas semanas, disse ela, citando dados de um cientista climático dinamarquês.

"Só em julho, ela perdeu 160 milhões de toneladas de gelo por causa do derretimento de superfície. Isso é aproximadamente o equivalente a 64 milhões de piscinas olímpicas. Só em julho. Só derretimento de superfície -- isso não inclui o derretimento oceânico".

O ar mais quente também tem implicações para a extensão do gelo do Ártico, que foi quase o mais baixo já registrado até 15 de julho, disse Clare.

Ela disse que ondas de calor cada vez mais frequentes e intensas estão ligadas à mudança climática causada pelo homem.

"O que vimos nisto foi que os recordes de temperatura não foram só quebrados, foram estraçalhados".

Ela citou um estudo do Met Office, instituto meteorológico nacional do Reino Unido, que revelou que, até 2050, as ondas de calor recordes ocorrerão a cada dois anos.

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