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Líder da Catalunha pede novo referendo de independência após noite de violência

Quim Torra é  líder regional pró-independência - Alberto Estévez/AFP
Quim Torra é líder regional pró-independência Imagem: Alberto Estévez/AFP

Por Joan Faus

17/10/2019 10h57

BARCELONA (Reuters) - A Catalunha deveria realizar outro referendo sobre a independência do restante da Espanha dentro de dois anos, disse hoje o líder do governo da região, Quim Torra, em um novo desafio ao governo de Madri após dias de tumultos provocados por manifestantes pró-separatistas.

Quase 100 pessoas ficaram feridas em toda a região do nordeste do país ontem, o terceiro dia de violência desde que a Suprema Corte da Espanha condenou nove líderes catalães a penas de prisão longas em reação à sua tentativa de independência fracassada de 2017.

Carros e latões de lixo foram incendiados na capital catalã, Barcelona, de madrugada, e a polícia disse ter prendido 12 pessoas na cidade durante alguns dos piores episódios de violência vistos na Espanha em anos, que provocaram ondas de choque na política nacional.

O Ministério do Interior disse que enviará reforços, já que há novos protestos programados para a sexta-feira, dia para o qual sindicatos convocaram uma greve e manifestantes devem convergir em Barcelona, uma das principais cidades turísticas da Europa.

Discursando ao Parlamento catalão, o líder regional pró-independência, Quim Torra, criticou os distúrbios, dizendo que a causa separatista é um movimento pacífico.

Mas ele também instou o movimento a levar adiante a iniciativa secessionista hoje suspensa, afirmando que "de jeito nenhum" algum tribunal o impedirá de adotar medidas para a independência.

"Se todos os partidos e grupos o tornarem possível, temos que ser capazes de finalizar este mandato legislativo validando a independência", disse Torra, acrescentando que as penas anunciadas na segunda-feira não impedirão os separatistas de realizar um novo referendo. "Voltaremos às urnas novamente pela autodeterminação".

Torra pediu que uma Constituição seja elaborada para a Catalunha na primavera de 2020, o que pode abrir caminho para uma votação antes de a legislatura se encerrar, em dezembro de 2021.

Os principais partidos da Espanha vêm se recusando continuamente a realizar um referendo de independência da Catalunha, mas os socialistas governistas dizem estar abertos a um diálogo sobre outras questões.

Na quarta-feira, o Tribunal Constitucional alertou as autoridades catalãs para as consequências legais se estas violarem a lei pleiteando a independência.

(Reportagem adicional de Guillermo Martinez em Barcelona e Ashifa Kassam, Emma Pinedo, Clara-Laeila Laudette, Jose Elías Rodríguez e Ingrid Melander em Madri)