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Mortes causadas por coronavírus aumentam e China encara mais restrições na fronteira

David Stanway e Winni Zhou

Em Xangai

01/02/2020 13h28

O número de mortes causadas pela epidemia de coronavírus cresceu em 46 para 259 na China, afirmou a autoridade sanitária do país neste sábado e Estados Unidos e outras nações anunciaram novas restrições na fronteira para estrangeiros que estiveram na China.

A província central de Hubei, centro da epidemia, está praticamente em quarentena, com as estradas fechadas e o transporte público desativado. Em outros locais da China, autoridades colocaram restrições em viagens e atividades econômicas.

Nos últimos números, a Comissão de Saúde Nacional da China afirmou que houve 2.102 novas infecções confirmadas no país, levando o total para 11.791. Por volta de duas dúzias de outros países relataram 137 casos.

Os dados chineses sugerem que o surto de coronavírus é menos fatal o que o surto de 2002/03 de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), que matou quase 800 pessoas das 8.000 infectadas, embora números como esses possam evoluir rapidamente.

Em Pequim, foram montados balcões nas entradas de conjuntos habitacionais, onde voluntários usando faixas e máscaras vermelhas anotam detalhes de moradores voltando de suas cidades natal, após o feriado do Ano Novo Lunar.

"Enquanto eu estiver protegido e não ir a lugares lotados, eu não temo minha cidade natal ou Pequim", disse um trabalhador migrante de 58 anos cujo sobrenome é Sun.

Mas outros se mostraran mais preocupados. "Haverá muitas pessoas voltando para a cidade, acho que colocará Pequim sob risco de mais infecções?, disse Zhang Chunlei, 45, outro trabalhador migrante que retornava.

A Organização Mundial de Saúde, que nesta semana declarou o surto como uma preocupação global de saúde pública, disse que restrições ao comércio global e a viagens não são necessárias.

Mas Cingapura e os Estados Unidos anunciaram medidas, na sexta-feira, para proibir a entrada em seus territórios de estrangeiros que estiveram recentemente na China.

EVACUAÇÕES

A Austrália seguiu a mesma linha, com o primeiro-ministro, Scott Morrison, dizendo que o país negará a entrada a todos os estrangeiros viajando da China continental a partir de sábado.

"Estamos na verdade operando com uma abundância de cuidado nestas circunstâncias", disse Morrison a repórteres, em Sydney. ?Para que os australianos possam seguir suas rotinas com confiança."

As companhias aéreas Qantas Airways e a Air New Zealand afirmaram que proibições de viagens forçaram as empresas a suspender voos diretos da China a partir de 9 de fevereiro. Todas as três maiores companhias aéreas norte-americanas disseram na sexta-feira que cancelarão seus voos que partem da China continental.

Por volta de 10 mil voos foram suspensos desde o surto do novo coronavírus, segundo a empresa de análise de dados de viagem Cirium, ilustrando as preocupações de que haveria uma desaceleração econômica na China e em outros locais.

Muitas nações têm organizado voos fretados para repatriar cidadãos da China e colocá-los em isolamento por aproximadamente duas semanas, período de incubação do vírus. Mais de 300 sul-coreanos retornaram para casa no sábado, e oficiais indonésios afirmaram que por volta de 250 dos seus cidadãos foram retirados de Hubei.

O Reino Unido afirmou que estava retirando alguns funcionários de sua embaixada e de seus consulados na China.

"Caso a situação fique pior no futuro, a habilidade de a embaixada e consulados do Reino Unido de fornecer auxílio a cidadãos britânicos na China pode ser restrita", disse o governo britânico em um comunicado.

Muitas das caras clínicas privadas cuidando de estrangeiros na China começaram a recusar pessoas com febre, levantando preocupações entre expatriados de que eles terão que depender de instalações locais lotadas.

"Não quero ir a um hospital local com uma dor de garganta e então pegar algo mais sério", disse a tcheca Veronika Krubner, em Tianjin, que está considerando deixar o país com sua filha de 21 meses.

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INTERRUPÇÕES

Infecções aumentaram em duas cidades próximas de Wuhan, levantando preocupações de que novos epicentros estão surgindo, apesar de rígidas restrições de viagens.

Em uma delas, Huanggang, autoridades pediram a moradores que designassem um indivíduo para sair de casa, disse um jornal local. A cidade tem população de aproximadamente 7,5 milhões.

A cidade de Tianjin, no norte, que abriga aproximadamente 15 milhões de pessoas, suspendeu negócios e escolas até segunda ordem.

Embora a OMS tenha elogiado as tentativas da China de conter o vírus, o órgão Defensores dos Direitos Humanos na China, baseado nos EUA, pediu as restrições de movimentos fossem aliviadas e que fosse combatida a discriminação contra moradores de Wuhan e Hubei.

"Direitos humanos não podem ser uma baixa do trabalho do governo para conter o surto de coronavírus que matou quase 200 pessoas e afetou milhões", disse o grupo.

Ainda assim, os esforços para conter o vírus causaram perturbações e o risco de exacerbar a desaceleração da segunda maior economia do mundo.

O crescimento já havia diminuído no último quarto para apenas 6%, menor marca em 30 anos. O impacto do vírus levou a Capital Economics a diminuir quase pela metade sua estimativa de crescimento do país para o primeiro trimestre, de 5,7% para 3%.

O banco central chinês afirmou que o impacto era temporário e que fundamentos econômicos permanecem sólidos, mas aumentaria o apoio monetário e de crédito, inclusive diminuindo custos de empréstimos para empresas afetadas.

A Apple afirmou neste sábado que fechará todas suas lojas oficiais e escritórios corporativos na China até 9 de fevereiro, a mais recente de uma dezena de grandes empresas, incluindo a sueca IKEA e o Walmart, que restringiram viagens e operações no país devido ao surto.

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