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Aproximação do governo federal ao centrão é 'bom caminho', diz Maia

16.abr.2020 - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), durante coletiva sobre a crise do coronavírus - Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados
16.abr.2020 - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), durante coletiva sobre a crise do coronavírus Imagem: Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados

Maria Carolina Marcello

28/04/2020 19h36Atualizada em 28/04/2020 20h16

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), considerou um "bom caminho" a recente aproximação do governo a alguns partidos políticos e defendeu que o Executivo possa ter sua representação do Parlamento.

O Planalto desenhou um movimento em direção a partidos de centro, como o PP e o PRB, apesar do discurso oficial de Jair Bolsonaro (sem partido) contra o que chama de "velha política". A ofensiva aproveitou brechas de Maia na relação com o centrão, flancos que começam a ficar expostos já por influência da disputa pelo comando da Câmara em 2021.

"É um bom caminho o governo ter uma base de apoio, aliados, partidos que construam um apoio ao governo, principalmente nesse momento da pandemia", disse Maia em entrevista ao programa Brasil Urgente, da TV Bandeirantes. "O importante é o diálogo. Se o governo abriu o diálogo para estar mais próximo de uma parte do Parlamento, acho que é bom."

Maia disse que o Congresso tem feito sua parte no combate à crise do coronavírus, independentemente de não se alinhar com o governo. Afirmou, ainda, que tem mantido conversas com o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, sobre a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do Orçamento de Guerra.

Ontem, lembrou Maia, o ministro defendeu em seu perfil do Twitter a necessidade de a Câmara votar a PEC ainda nesta semana.

"Vai possibilitar que o governo continue adotando medidas para combater os efeitos sociais e econômicos da covid-19", diz Ramos em uma das publicações. "Uma das ações importantes da PEC é que ela permitirá o pagamento do coronavoucher [auxílio emergencial] aos beneficiários que foram incluídos posteriormente", completou.

Impeachment de Bolsonaro

Maia aproveitou a entrevista para reforçar que a prioridade da Câmara é combater os efeitos da crise do coronavírus. Para ele, os conflitos entre o presidente e o ex-ministro da Justiça Sergio Moro não resultam necessariamente no andamento de um processo de impeachment.

Há 30 requerimentos já protocolados na Câmara de impedimento de Bolsonaro.

Para o deputado, o Parlamento precisa ter como foco as crises de saúde, econômica e social. A crise política precisa, segundo Maia, ser deixada de lado.

"Eu acho que a gente tem que ter prioridades. Não é 'houve um conflito com o ministro, vai para impeachment', não é assim", afirmou Maia, que tem a atribuição de decidir pelo prosseguimento de pedidos de impeachment.

Ao ressaltar que o ambiente político já está radicalizado, lembrou que há uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) no Congresso para apurar as chamadas fake news, e citou ainda o pedido de investigação nas mãos do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Celso de Mello, sobre as acusações de Moro.