Parte da África do Sul vê chegada de vacinas contra covid-19 com ceticismo
Sendo enfermeiro em um país que enfrenta doenças fatais, Rich Sicina diz que às vezes vacina outros sul-africanos, mas que de maneira nenhuma tomará uma vacina contra covid-19 — ele não acredita que ela será segura ou eficaz.
A decisão da África do Sul de suspender os planos de distribuir a vacina da AstraZeneca porque dados mostraram que ela pode não oferecer proteção suficiente contra a variante dominante no país só aumentou o receio de Sicina.
"Não confiamos nestes políticos", disse.
Muitos compatriotas concordam. O sindicato de enfermeiros de Indaba, ao qual Sicina pertence, aconselhou seus 17 mil filiados a boicotarem a vacina.
Duas pesquisas de janeiro, uma global da Ipsos e uma nacional da start-up de fintech sul-africana CompariSure, indicaram que metade dos sul-africanos recusaria a vacina. Uma sondagem da Universidade de Joanesburgo (UJ) com 10 mil entrevistados, a maior amostragem, estimou o número em um terço.
A aposta é alta. A covid-19 afeta a África do Sul com mais força do que qualquer outra parte do continente, já tendo infectado quase 1,5 milhão de pessoas e matado mais de 46 mil, e uma variante mais contagiosa que se desenvolveu ali se espalha pelo mundo.
Iniciativas para erradicar certas doenças já fracassaram na África por uma parcela da população rejeitar a vacinação, muitas vezes por causa de crenças religiosas ou desconfiança de farmacêuticas ocidentais.
Em 2003, clérigos muçulmanos instigaram um boicote a vacinas contra pólio no norte da Nigéria, e há apelos semelhantes contra vacinas anti-Covid-19.
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