CPI estranha fácil acesso de reverendo ao Ministério da Saúde em negociação de vacinas
Apesar de afirmar inicialmente que não teria contatos com o governo federal, o reverendo Amilton Gomes de Paula foi recebido com facilidade no Ministério da Saúde em meio a negociações sobre vacinas, o que causou estranheza aos senadores da CPI da Covid.
Questionado sobre uma mensagem de texto que teria mandado para o policial militar Luiz Paulo Dominguetti, quando afirmou que tinha falado "com quem manda", Amilton disse que isso tinha sido "uma bravata".
"Porque eu não tinha essa convicção do que estava escrito ali, no texto", disse ele.
Dominguetti teria se apresentado a Amilton como representante da Davati, numa possível venda de doses de vacina contra Covid-19 ao Ministério da Saúde. Segundo Dominguetti afirmou à CPI, um integrante do ministério à época teria pedido propina nas negociações.
Mesmo sem ter contatos com o governo, segundo sua própria afirmação, poucas horas depois de ter mandado um email no dia 12 de março pedindo um encontro no ministério o reverendo foi recebido.
"Causa estranheza um desconhecido como o depoente pedir uma reunião às 12h30, solicitando reunião para às 16h30 do mesmo dia e ser prontamente atendido", ressalta a síntese do depoimento do reverendo feita pela equipe do relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL).
Amilton Gomes foi apontado por Dominguetti como intermediador entre o governo e a Davati Medical Supply, oferecendo vacinas da AstraZeneca ao Ministério da Saúde.
Dominguetti relatou à CPI que tinha procurado a Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), da qual o reverendo é um dos fundadores, para viabilizar o negócio.
O policial militar revelou também, em entrevista à Folha de S. Paulo e depois confirmada na CPI, que o então diretor de Logística do Ministério Roberto Ferreira Dias teria exigido 1 dólar de propina para cada dose negociada. Na comissão, Dias negou a acusação.
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