Topo

Esse conteúdo é antigo

França fecha cafés, restaurantes, discotecas e cinemas a partir de meia-noite de sábado

Imagem mostra placa em frente à torre Eiffel, um dos cartões-postais de Paris (França), alertando que visitas proibidas como medida de cautela em relação ao coronavírus - Thomas Samson/AFP
Imagem mostra placa em frente à torre Eiffel, um dos cartões-postais de Paris (França), alertando que visitas proibidas como medida de cautela em relação ao coronavírus Imagem: Thomas Samson/AFP

14/03/2020 16h26

O primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, anunciou na noite de sábado (14) um reforço das medidas de prevenção contra a propagação da epidemia de coronavírus no país. A partir da meia-noite, cafés, restaurantes, discotecas, cinemas, teatros e estabelecimentos comerciais considerados "não essenciais" permanecerão fechados por tempo indeterminado. Farmácias, lojas, bancos e supermercados continuarão abertos.

A França atingiu neste sábado o estágio 3 da epidemia, com 4.500 pessoas infectadas — número que dobrou em 72 horas —, 91 mortos e 300 doentes em estado grave, necessitando de aparelhos de respiração artificial. Todas as regiões são afetadas, inclusive os territórios ultramarinos, como Guadalupe, Martinica e Guiana Francesa.

A circulação viral é rápida e intensa, disse em coletiva de imprensa o diretor-geral da Saúde, Jérôme Salomon.

"A epidemia vai se generalizar nos próximos dias e tudo vai depender do controle; os franceses não tomaram consciência da necessidade de mudar seu comportamento individual para conter a propagação do novo vírus", lamentou Salomon.

Minutos antes dessa declaração, o primeiro-ministro francês também chamou a atenção dos franceses que continuavam lotando bares e restaurantes, apesar do alto risco de transmissão da covid-19. Philippe lembrou que 88% dos infectados se curam da gripe, mas é necessário evitar um colapso no sistema público hospitalar com um número explosivo de internações simultâneas.

Os hospitais de Paris "nunca enfrentaram um fenômeno de tal magnitude", disse o diretor-geral dos hospitais públicos de Paris, Martin Hirsch, em entrevista ao jornal Le Monde.

"Pode haver um aumento em casos graves de 20% a 30% por dia", o que "representaria 400 pacientes que necessitam simultaneamente de cuidados intensivos na região de Île-de-France [onde fica a capital] dentro de dez a quinze dias", prevê Hirsch.

A França registrou hoje o primeiro caso da infecção no sistema penitenciário. Um detento do presídio de Fresnes (região parisiense) de 74 anos contraiu a covid-19. Depois de apresentar sintomas, ele foi levado para o hospital Kremlin-Bicêtre.

O coronavírus também avança entre políticos franceses. A secretária de Estado para a Transição Ecológica, Brune Poirson, 38 anos, testou positivo para o coronavírus, assim como a senadora Guylène Pantel. O ministro francês da Cultura, Franck Riester, e dez deputados foram contaminados.

Apesar das medidas tomadas para conter a propagação do coronavírus, os franceses vão às urnas neste domingo (15), no primeiro turno das eleições municipais. As autoridades responsáveis pela organização das seções eleitorais se prepararam para receber os eleitores nas melhores condições possíveis, desinfetando maçanetas, mesas e cabines de votação. Os franceses são convidados a levar uma caneta de casa.

Foram tomadas medidas para evitar filas e respeitar as distâncias de segurança. O ministro do Interior, Christophe Castaner, admitiu "temer" uma participação em declínio. Ele reconheceu que alguns municípios consideram difícil abrir suas seções eleitorais.