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Empresas e aliados condenam decisão de Trump de prolongar restrições a vistos de trabalho

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante comício de campanha em Tulsa, Oklahoma - Leah Millis/Reuters
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante comício de campanha em Tulsa, Oklahoma Imagem: Leah Millis/Reuters

23/06/2020 13h58

Várias grandes empresas americanas, principalmente do setor de tecnologia, criticam a decisão do governo de Donald Trump de estender as restrições à imigração legal para os Estados Unidos até o final de 2020. Muitos CEOs dizem que a suspensão de vistos será contraproducente, arriscada e poderá dificultar a recuperação da economia. Os críticos acreditam que Trump utiliza a epidemia do coronavírus para alcançar uma meta que ele persegue há muito tempo: limitar a imigração no país.

Ontem, um alto funcionário da Casa Branca disse a jornalistas que o objetivo do governo era combater o desemprego causado pela epidemia. "A restrição liberará quase 525.000 empregos para os americanos", afirmou o funcionário, que pediu para não ser identificado. "O presidente Trump está focado em levar os americanos de volta ao trabalho o mais rápido possível", acrescentou.

A desaceleração econômica devido ao confinamento aumentou a taxa de desemprego de 3,5% em fevereiro para 13,3% em maio. Apesar de haver sinais de início de uma reativação da economia, desde o início da crise da saúde, 45,7 milhões de pessoas solicitaram semanalmente o seguro desemprego nos EUA. Trump, preocupado com o impacto desses números na sua reeleição em novembro, assinou um decreto em 22 de abril para limitar a entrega de autorizações de residência permanente por 60 dias.

O anúncio desta segunda estenderá essa limitação até 31 de dezembro e também afetará várias licenças temporárias, incluindo o visto H-1B para pessoas com talentos especiais, amplamente utilizadas pela indústria de tecnologia. As restrições também afetam a maioria dos vistos de categoria J, destinados a acadêmicos e pesquisadores, e as licenças L, usadas por empresas para trazer trabalhadores aos Estados Unidos.

Novos obstáculos para os requerentes de asilo

O bloqueio também afetará os vistos temporários H-2B para trabalhadores pouco qualificados, usados por cerca de 66.000 trabalhadores ao ano, mas eximindo de restrições as permissões para o setor de alimentos.

Babás estrangeiras contratadas por uma família para ensinar idiomas também serão beneficiadas com as exceções, assim como trabalhadores de usinas de beneficiamento de mariscos.

Além disso, o funcionário indicou que o governo adicionará obstáculos às autorizações de trabalho para requerentes de asilo, no momento em que os candidatos esperam em média dois anos por uma resposta.

O congelamento da entrega dos vistos H1-B será temporário e permitirá que o programa seja reformado para eliminar o sistema atual no qual certas cotas são distribuídas por meio de uma loteria, disse o funcionário. Segundo a Casa Branca, o novo sistema busca priorizar estrangeiros com habilidades mais altas, dando preferência aos que recebem melhores salários. "Isso vai eliminar a concorrência com os americanos (...) nestas indústrias no nível de entrada", disse o alto funcionário.

O senador pela Carolina do Sul Lindsey Graham, geralmente um grande aliado de Trump, criticou a decisão e escreveu no Twitter: "Aqueles que acreditam que a imigração legal, particularmente os vistos de trabalho, prejudicam o trabalhador americano, não compreendem a economia dos Estados Unidos". Ele também indicou temer que a decisão do presidente "provoque um peso para a recuperação econômica".

Vários setores da indústria de tecnologia e a Câmara de Comércio também alertaram que as medidas podem prejudicar a reativação.

Os Estados Unidos sofrem o surto de coronavírus mais grave do mundo, com mais de 120.000 mortes e 2,2 milhões de casos. O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, alertou no início deste mês que o desemprego pode chegar a 9,3% até o final do ano.

*Com informações da AFP