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Trump diz que vacina contra o coronavírus ficará pronta ainda neste ano

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante convenção do Partido Republicano - David T. Foster III/Getty Images/AFP
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante convenção do Partido Republicano Imagem: David T. Foster III/Getty Images/AFP

28/08/2020 08h03

O presidente americano, Donald Trump, aceitou formalmente ontem a indicação do Partido Republicano para concorrer a um segundo mandato. Em um discurso virulento, o magnata não poupou críticas ao rival Joe Biden e surpreendeu ao garantir que os Estados Unidos poderão contar com uma vacina até o final deste ano.

No palanque durante mais de uma hora, Trump enumerou todas as decisões que tomou durante seus quatro anos de governo e autoelogiou sua gestão na crise da epidemia, extremamente criticada no país. Também fez promessas consideradas imprevisíveis por especialistas até o momento sobre a luta contra a doença.

"Nós venceremos o vírus, colocaremos um fim à pandemia e emergiremos mais fortes do que jamais", afirmou. "Produziremos uma vacina até o fim do ano, e talvez até mesmo antes", disse.

Segundo o presidente, centenas de milhões de doses da vacina estarão rapidamente disponíveis para utilização. "Mobilizamos cientistas gênios dos Estados Unidos para desenvolver uma vacina em tempo recorde."

Além das supreendentes promessas, o evento republicano também foi destaque na mídia do país pelo descumprimento das medidas básicas de barreira contra o vírus. Entre os participantes, poucos lembraram do distanciamento físico ou usavam máscara.

País mais castigado pela covid-19, com mais de 180 mil mortes, os Estados Unidos já encomendaram centenas de milhões de doses de projetos de vacinas de diversos laboratórios.

No entanto, até o momento, a população pouco aprecia a forma como Trump gerencia essa crise sanitária sem precedentes.

Segundo a média de pesquisas de opinião sobre essa questão, realizada pelo site FiveThirtyEight, 58% dos americanos desaprovam a resposta do governo à epidemia.

Duras críticas a Biden

Trump também aproveitou o palanque para atacar seu adversário na campanha eleitoral. O presidente voltou a combinar patriotismo e retórica antissocialista para traçar um apocalipse caso Biden, que chama de "marionete da esquerda radical", chegue ao poder em 3 de novembro.

"Esta eleição decidirá se salvamos o sonho americano ou se permitimos que uma agenda socialista derrube nosso precioso destino", disse Trump, ao lado de bandeiras americanas em um imponente palco montado nos jardins da Casa Branca.

"Biden é fraco", declarou a respeito do ex-vice-presidente de Barack Obama. "Não é o salvador da alma dos Estados Unidos (...) e se tiver a oportunidade, ele será o destruidor da grandeza americana".

Fogos de artifício e Ave Maria

"Com um coração repleto de gratidão e otimismo ilimitado" com a candidatura, o presidente encerrou a Convenção Nacional Republicana celebrada em grande parte em formato virtual.

Fogos de artifício e estrofes da canção religiosa Ave Maria finalizaram o evento, marcado por quatro dias de elogios a Trump como um herói da economia, defensor da vida e de Deus, além do líder da lei e da ordem no país.

Enquanto o presidente era ovacionado em um ambiente de gala, sem distanciamento físico ou máscaras entre os cerca de mil convidados, era possível ouvir o som dos manifestantes do movimento "Black Lives Matter" (Vidas Negras Importam), reunidos diante da Casa Branca para expressar revolta e pedir a renúncia de Trump.

A manifestação aconteceu em apoio aos militantes de Kenosha, uma pequena cidade de Wisconsin, no norte do país, onde no domingo (23) um policial branco atirou sete vezes pelas costas contra um homem negro, Jacob Blake.

Na quarta-feira (26), um adolescente branco, supostamente partidário de Trump, foi detido sob suspeita de matar duas pessoas e ferir gravemente uma terceira durante confrontos na noite anterior.

Candidato democrata rebate críticas

Biden respondeu no Twitter às críticas do rival. "Recordem: todos os exemplos de violência que Donald Trump denuncia aconteceram durante seu mandato. Sob sua liderança. Durante sua presidência".

O candidato democrata criticou o que considera "uma exploração cínica de eventos trágicos" por parte do presidente. "Ao invés de tentar acalmar, joga lenha na fogueira. A violência não é um problema para ele, é uma estratégia política", afirmou em um discurso mais cedo.

A candidata a vice de Biden, Kamala Harris, criticou o presidente por não ter cumprido o dever de proteger os americanos. Ela disse que "sempre defenderá" os manifestantes pacíficos, mas não os que "saqueiam e cometem atos de violência".

Também advertiu contra quem deseja fazer justiça com as próprias mãos, uma referência velada ao adolescente detido sob suspeita de dois assassinatos.

(Com informações da AFP)