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Rússia quer interrogar o opositor Alexei Navalny em hospital na Alemanha

Opositor russo foi levado à Alemanha após envenenamento; Kremlin nega ligação com caso - Ilya Ageev
Opositor russo foi levado à Alemanha após envenenamento; Kremlin nega ligação com caso Imagem: Ilya Ageev

11/09/2020 14h22

A polícia russa anunciou hoje que quer interrogar, na Alemanha, o opositor russo Alexei Navalny, vítima de envenenamento por um agente nervoso, segundo Berlim. Apesar das ameaças de sanções, Moscou continua a ignorar os apelos ocidentais por um esclarecimento imediato do caso e considera as acusações infundadas.

Com a saída de Navalny do coma, o Ministério do Interior russo afirma que vai pedir para que "os agentes russos possam participar das apurações feitas pelos investigadores alemães" e "fazer-lhe perguntas".

O opositor do Kremlim continua hospitalizado na Alemanha. A Rússia solicitou que Berlim entregue todo o prontuário sobre o adversário, incluindo as análises de laboratório do exército, que identificaram uma substância como o Novichok, um agente nervoso militar desenvolvido pela União Soviética, no corpo de Navalny.

As autoridades russas insistem que as suas análises, realizadas durante a hospitalização de Alexei Navalny em Omsk (Sibéria), antes de sua transferência para a Alemanha, não revelaram a presença de qualquer substância tóxica. Moscou questiona repetidamente a veracidade das informações alemãs.

"Não pode haver processo penal (na Rússia) com base em análises feitas pelo lado alemão, especialmente porque foram feitas em um laboratório do exército alemão", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, nesta sexta-feira. Para o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, a Alemanha "esconde cuidadosamente" os dados que diz ter.

Rússia nega acusações

Não é a primeira vez que a Rússia fica na berlinda, depois que vários oponentes ou adversários do Kremlin foram envenenados. Os últimos anos mostram alguns exemplos e, a cada vez, a Rússia rejeita as acusações contra ela, enquanto as potências ocidentais dizem ter provas irrefutáveis.

O agente nervoso Novichok já foi usado contra o ex-agente duplo russo Sergei Skripal e sua filha, Yulia, em 2018, na Inglaterra. O principal suspeito é o serviço conhecido pela siga GRU, a inteligência militar russa, de acordo com as autoridades britânicas.

Nos últimos anos, Alexei Navalny tornou-se um dos principais oponentes do Kremlin, publicando investigações sobre a corrupção das elites russas e dos próximos do presidente Vladimir Putin. No cenário político, sua organização, o Fundo Anticorrupção, atua nas eleições locais e regionais a fim de apresentar ou apoiar candidatos com chances de vencer os detentores do poder.

A estratégia teve sucesso em setembro de 2019, especialmente durante a eleição para o parlamento de Moscou. Os apoiadores de Navalny esperam repetir a experiência.