Topo

Esse conteúdo é antigo

Professor decapitado: Família de suspeito e pregador islamita estão entre 11 detidos

Movimentação perto do local do crime; 11 suspeitos estão detidos - Reuters
Movimentação perto do local do crime; 11 suspeitos estão detidos Imagem: Reuters

18/10/2020 07h11

Mais uma pessoa foi detida nas investigações sobre a morte do professor francês Samuel Paty, 47 anos, decapitado na sexta-feira (16). No total, já são 11 suspeitos de ter relação com o ataque, que chocou o país e provocará uma onda de manifestações pela França hoje.

Os pais, o avô e até o irmão menor de idade do jovem apontado pela polícia como autor do crime estão entre os detidos preventivamente. O suspeito, o refugiado de origem chechena Abdullakh A., de 18 anos, foi morto pela polícia minutos depois do assassinato, cometido em plena rua. Ele não tinha antecedentes criminais, embora já tivesse cometido um delito leve. Os serviços de segurança não haviam registrado uma possível radicalização do suspeito.

Abdullakh chegou com seus pais há 12 anos na França, onde a família obteve um visto de refugiados há 10. O documento foi renovado em março deste ano.

A embaixada russa na França afirmou que o homem não tinha relação com Moscou desde 2008. Na cidade de Evreux, onde mora a família, os vizinhos descrevem o suspeito como um jovem "discreto" e "mergulhado na religião" havia cerca de três anos.

Pregador islamita no foco das investigações

Também respondem a interrogatório o pai de uma aluna da escola onde o professor trabalhava e o pregador islamita Abdelhakim Sefrioui, conhecido há anos pelos serviços de informação franceses ­- e também morador de Evreux. Na semana passada, este homem acompanhou o pai da menina a uma delegacia para prestar queixa contra o educador, depois que Samuel Paty exibiu caricaturas de Maomé aos alunos na cidade de Conflans-Sainte-Honorine, distante 90 quilômetros de onde morava o suspeito.

A polícia busca descobrir se Abdullakh agiu por decisão própria ou se foi estimulado pelo pregador islamita e/ou o pai da menina, que havia divulgado um vídeo revoltado contra a exibição das caricaturas por Paty, durante uma aula sobre a liberdade de expressão. Nas imagens, o pai chega a revelar o nome do professor e da escola.

Depois, em um um segundo vídeo, Abdelhakim Sefrioui também participa da filmagem. Os dois mobilizam os pais dos alunos a pressionar pela demissão do professor, acusado por eles de tido um comportamento islamofóbico.

Protestos em homenagem ao professor

Professores, educadores, sindicatos, associações, políticos e cidadãos comuns de todo o país vão às ruas neste domingo para protestar contra o ataque e homenagear a vítima. Em Paris, a manifestação acontece esta tarde, na praça da República. O ato foi autorizado, apesar do avanço da pandemia de coronavírus na França e da entrada em vigor de novas medidas restritivas em grandes metrópoles, ontem.

Líderes de vários partidos políticos confirmaram presença na mobilização, inclusive o partido do presidente Emmanuel Macron (República em Marcha). No sábado, centenas de pessoas já tinham se dirigido espontaneamente em frente à escola Bois d'Aulne para homenagear Paty e a liberdade de expressão.

Manifestações também foram registradas em cidades como Nice e Rennes. Uma homenagem nacional ocorrerá na próxima quarta-feira (21), em coordenação com a família do professor assassinado, anunciou o Palácio do Eliseu.

O conselho de Defesa da França, comandado por Macron e com a participação da cúpula do governo, se reúne no fim do dia para discutir a reação do Estado a este ataque. Desde 2015, o país sofre uma série de ataques extremistas que deixaram, até agora, 258 mortos.

Com informações da AFP