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Último debate presidencial nos EUA pode virar o jogo e acabar com favoritismo de Biden

Frame de vídeo do debate entre Trump e Biden - Reprodução/Youtube-Fox News
Frame de vídeo do debate entre Trump e Biden Imagem: Reprodução/Youtube-Fox News

22/10/2020 08h49

Apesar de terem sido programados três debates nesta campanha americana, o segundo não aconteceu, porque a comissão organizadora achou melhor que o evento fosse realizado virtualmente, já que Trump tinha sido diagnosticado com a covid-19, mas o presidente americano se recusou a participar do evento virtual. Por isso, o encontro desta noite, a pouco mais de uma semana das eleições, ganha ainda mais importância. Os dois candidatos se encontram cara a cara em Nashville, no estado de Tennessee, em uma última tentativa de conquistar eleitores.

Tradicionalmente, o último debate presidencial trata de política externa, mas, dessa vez, os responsáveis pelo encontro decidiram não focar neste tema. Isso não é bom para Trump. Para ele, seria mais vantajoso poder falar dos sucessos que teve no Oriente Médio, como o fim do grupo Estado Islâmico e os acordos de paz na região, além de seu pulso firme em relação à China e o Irã. Em vez disso, o presidente republicano terá de explicar o fracasso do seu governo em relação à pandemia e como isso prejudicou a economia americana.

O candidato democrata deve tentar manter a estratégia que tem empregado de atacar a incompetência do seu oponente ao lidar com a pandemia. No entanto, manter o foco na crise sanitária pode não ser fácil.

É mais provável que Trump use todo o seu tempo para desafiar Biden a explicar o conteúdo dos e-mails encontrados nos laptops do filho do ex-vice-presidente. Hunter Biden estaria implicado em um possível escândalo de corrupção exposto nos últimos dias pelo ex-prefeito de Nova York, Rudy Giuliani, que é amigo de Trump.

As correspondências parecem indicar um envolvimento de Biden nos negócios do filho com a Ucrânia e a China, quando o democrata era vice de Barak Obama. Biden deve revidar dizendo que Trump tinha uma conta na China e que inclusive chegou a pagar mais imposto à nação asiática do que ao seu próprio país, segundo uma matéria recentemente publicada pelo diário New York Times.

Apoio de Barack Obama

Ontem, Barack Obama fez um comício na cidade de Filadélfia, em uma tentativa de dar um impulso extra ao candidato democrata que foi seu vice nos oito anos que ocupou a Casa Branca. Obama ainda goza de grande popularidade e estava em excelente forma, se mostrando descontraído no comício "drive-in" para um público em carros, o que rendeu bastante visibilidade nas redes sociais.

Não é segredo que Obama demorou para apoiar publicamente Biden, pois tinha preferência pela senadora Kamala Harris para disputar a presidência por seu partido. Provavelmente para garantir o apoio de Obama, Biden acabou escolhendo Harris como vice. Nas últimas semanas, Obama passou a assumir uma postura mais proativa na campanha democrata.

A Pensilvânia é um estado crucial para garantir uma vitória. O esforço de Obama pode fazer diferença se conseguir que os eleitores negros do estado votem em Biden. A meta é evitar que o cenário das eleições de 2016 se repita, quando esse grupo de eleitores não mostrou entusiasmo por Hillary Clinton.

A campanha republicana garante que Trump conseguirá um número recorde de eleitores negros para o partido.

Vantagem para Biden

Quase todas as pesquisas indicam uma vitória para Biden, mas o debate de hoje pode virar o jogo, mesmo na reta final. Essa vai ser a última vez que os eleitores poderão comparar os dois candidatos lado a lado, não só quanto ao conteúdo de suas plataformas, mas também como eles se comportam sobre pressão. E a pressão vai ser grande para os dois.

Na noite de quinta-feira, os candidatos terão dois minutos para cada resposta, sem interrupção. Segundo as novas regras da comissão organizadora, o microfone do rival será cortado enquanto uma resposta é dada. Essa nova medida já foi motivo de reclamação por parte da campanha republicana, pois a estratégia habitual de Trump é falar ao mesmo tempo que o oponente.

Mas é possível que isso possa até ajudar o atual presidente, pois Biden frequentemente tem dificuldade em formar argumentos completos de improviso. No entanto, as chances de virada de jogo às vésperas da eleição são menores do que no passado. Além de cerca de 30 milhões de eleitores já terem votado, o número de indecisos nesta eleição gira em torno de apenas 4%.