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Justiça francesa ordena que companhias sejam julgadas por acidente do voo Rio-Paris

Resgate dos destroços do voo AF-447 da Air France. O avião decolou do RJ com destino a Paris em 2009 - EFE
Resgate dos destroços do voo AF-447 da Air France. O avião decolou do RJ com destino a Paris em 2009 Imagem: EFE

Da RFI

12/05/2021 07h23Atualizada em 12/05/2021 08h02

O Tribunal de apelação de Paris ordenou na quarta-feira (12) que a Air France e a Airbus sejam julgadas por "homicídio culposo" por responsabilidade indireta na queda do voo Rio-Paris que matou 228 pessoas em 2009. A companhia aérea e a construtora disseram que vão recorrer da decisão.

O anúncio, que foi recebido com alívio pelas famílias das vítimas, anula a resolução que isentava a companhia aérea e a Airbus de responsabilidade na tragédia, proferida ao final das investigações.

"É uma imensa satisfação ter o sentimento de finalmente ser ouvida pela Justiça", declarou, muito emocionada, a presidente da associação Ajuda e solidariedade AF447, Daniele Lamy.

"Mas nós lamentamos que tenham sido necessários 12 longos anos para chegar aqui, 12 anos de determinação sem falha, cheios de incertezas, de trâmites abusivos e obscuros, de desânimo, mas jamais de resignação", afirmou.

Empresas vão recorrer

Os advogados da Airbus, Simon Ndiaye e Antoine Beauquier, imediatamente anunciaram que pretendem recorrer, denunciando uma "decisão não justificada" que, segundo eles, "entra em contradição com os juízes de instrução que conhecem bem o caso".

Um dos advogado da Air France, François Saint-Pierre, também negou que a companhia aérea tenha "responsabilidade penal na origem deste terrível acidente".

Em 31 de maio de 2009, o voo da Air France AF447, que fazia a rota do Rio de Janeiro a Paris, caiu no oceano Atlântico. Os pilotos, desorientados por uma falha técnica no Airbus 337, que surgiu ao atravessarem um zona meteorológica instável, não conseguiram solucionar o problema. O acidente causou a morte de 216 passageiros e 12 membros da tripulação.

Em 29 de agosto de 2019, após 10 anos de investigações marcadas por uma guerra de especialistas, os juízes de instrução do Tribunal de Paris decidiram isentar as duas empresas de responsabilidades, alegando que as investigações "não caracterizaram falha da Airbus ou da Air France ligada (...) a erros de pilotagem (...) na origem do acidente".

Responsabilidade

O Ministério Público defendia que as "causas indiretas" do acidente eram imputáveis as falhas das duas empresas: os responsáveis da Air France "se abstiveram de impor a formação e a informação", necessária à tripulação, enquanto a Airbus "subestimou a gravidade dos defeitos nas sondas" Pitot, que mediam a velocidade, e não agiu o suficiente para corrigi-los.

O congelamento das sondas foi o elemento causador da catástrofe. O gelo se formou, de acordo com especialistas, após a passagem da aeronave, em grande altitude, em um aglomerado de nuvens, o que conduziu a uma incoerência nas medidas de velocidade e desorientou os pilotos até a queda do aparelho, em menos de quatro minutos.