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Haiti tem superlotação de hospitais após terremoto; 1419 pessoas morreram

Tremor de sábado (14) deixou 4.419 mortos e mais de 6.900 feridos, além de milhares de desabrigados - Reginald Louissant Jr./AFP
Tremor de sábado (14) deixou 4.419 mortos e mais de 6.900 feridos, além de milhares de desabrigados Imagem: Reginald Louissant Jr./AFP

Amélie Baron

Enviada especial da RFI à Les Cayes

16/08/2021 08h22Atualizada em 16/08/2021 19h05

As consequências do poderoso terremoto que sacudiu o Haiti no sábado (14) continuam assolando o Haiti. O tremor deixou 4.419 mortos e mais de 6.900 feridos, além de milhares de desabrigados no sudoeste do país. Enquanto os serviços de socorro ainda buscam por sobreviventes nos escombros, os hospitais estão saturados.

Os feridos são originários da cidade de Les Cayes, epicentro do terremoto, mas também das cidades vizinhas. Os poucos hospitais nas regiões afetadas sofrem para acolher o público. O serviço de emergência do hospital local está superlotado; há pacientes instalados até mesmo na rua.

No Hospital Imaculada Conceição, o chefe do serviço de emergência Titus Antoine Junior acolhe cada ferido que chega. Devido aos quartos lotados e à falta de leitos, muitos pacientes aguardam no chão. "Estamos trabalhando sem pausa desde sábado. As coisas estão andando, mas não para de chegar gente", afirma à RFI.

Os médicos e enfermeiros continuam registrando a entrada de feridos com fraturas e traumatismos cranianos. Em meio ao caos, os profissionais que chegaram da capital Porto Príncipe são um precioso reforço.

Sobreviventes nos escombros

Após uma noite angustiante de tremores secundários, máquinas pesadas, caminhões e retroescavadeiras moveram placas de cimento de prédios que desmoronaram.

Nas áreas atingidas pelo terremoto, a corrida contra o relógio continua para encontrar eventuais sobreviventes nos escombros. A tarefa é perigosa e delicada já que a superfície continua instável e muitos imóveis podem desabar a qualquer momento.

Outro desafio é a aproximação da tempestade tropical Grace, que se move em direção ao Haiti hoje. O Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos prevê chuvas intensas em todo o país nas próximas horas, inclusive nas zonas afetadas pelo terremoto.

Muitos países, como Estados Unidos, República Dominicana, México e Equador, ofereceram ajuda com o envio de pessoal, alimentos e equipamentos médicos.

O exército americano também anunciou a criação de uma missão militar conjunta, assim como o envio de uma equipe para avaliar a situação na área de desastre. Quatro helicópteros foram mobilizados para servir de transporte.

Ontem, o papa Francisco expressou sua "solidariedade" com a população haitiana, conclamando a comunidade internacional a vir em seu socorro.

O primeiro-ministro Ariel Henry, que declarou no sábado estado de emergência durante um mês nos quatro departamentos afetados pela catástrofe, agradeceu neste domingo à comunidade internacional.

"Queremos dar uma resposta mais adequada que em 2010 após o terremoto. Toda a ajuda que vem do exterior deve ser coordenada pela Direção de Proteção Civil", exigiu o chefe de governo, ao mesmo tempo em que pediu "união nacional" aos compatriotas.

Trauma do terremoto de 2010

O Haiti, país mais pobre das Américas, ainda vive o trauma do terremoto de 12 de janeiro de 2010, que devastou a capital e várias cidades do interior. Mais de 200 mil pessoas morreram e mais de 300 mil outras ficaram feridas na catástrofe.

Além disso, mais de um milhão e meio de haitianos ficaram desabrigados, colocando as autoridades e a comunidade humanitária internacional diante do desafio colossal da reconstrução de um país sem registro de terras ou regras de planejamento urbano.

Onze anos depois, ainda sem conseguir enfrentar o desafio da reconstrução, o Haiti é regularmente atingido por furacões, e está mergulhado em uma aguda crise sociopolítica após o assassinato do presidente Jovenel Moise, no mês passado.