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América Latina é a região do mundo mais perigosa para ambientalistas, aponta ONG

Chico Mendes ficou conhecido mundialmente por sua luta pela preservação da Amazônia e foi assassinado em 1988 - Miranda Smith/Wikimedia Commons
Chico Mendes ficou conhecido mundialmente por sua luta pela preservação da Amazônia e foi assassinado em 1988 Imagem: Miranda Smith/Wikimedia Commons

Aida Palau

13/09/2021 18h16

A ONG Global Witness divulgou nesta segunda-feira (13) um relatório sobre a situação dos defensores do meio ambiente no mundo. Segundo o documento, 227 ambientalistas foram assassinados em 2020, a maior parte deles na América Latina.

Em todo o mundo, "são cerca de quatro mortos por semana, todas as semanas do ano", resume Laura Furones, da Global Witnness. A ONG, que divulga a estatística desde 2012, nota um aumento constante principalmente nos últimos três anos, com 167 pessoas mortas em 2018 e 212 em 2019.

O país mais perigoso do mundo para os defensores da natureza é, pelo segundo ano consecutivo, a Colômbia, que terminou 2020 com um saldo de 65 ativistas assassinados. Mas de uma maneira geral, a América Latina é a região com números mais preocupantes.

Entre os cinco países com índices de assassinatos mais elevados, apenas um, as Filipinas, que aparece em terceiro lugar com 29 vítimas, está fora do continente americano. Os colombianos são seguidos do México, onde 30 pessoas foram abatidas. O Brasil aparece na quarta posição, com 20 mortos, seguido de Honduras, com 17 ativistas assassinados.

Cerca de três em cada quatro ataques acontecem na América Central ou na América do Sul, insiste a Global Witness. "Na América Latina registramos muito mais casos do que em outras regiões do planeta e isso está ligado a várias causas. Uma das razões é que na América Latina há movimentos de sociedade civil, movimentos indígenas e de comunidades muito fortes, que fazem oposição a projetos sobre os quais normalmente não são consultados", explica Laura Furones. E mesmo se essa oposição se faz de forma pacífica, ela acaba tendo uma incidência nas estatísticas sobre os ataques visando os ativistas, avalia a representante da ONG.

Segundo o relatório, as vítimas possuem vários pontos em comum: 70% atuavam contra o desmatamento e apenas uma delas não vivia em um país em desenvolvimento. Além disso, um terço dos defensores da natureza assassinados pertencia a comunidades autóctones.