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Presidente do Chile militariza área de conflito com indígenas mapuches

6.set.2021 - O presidente do Chile, Sebastián Piñera, antes de discursar no Palácio do Eliseu, sede da presidência da França - Gonzalo Fuentes/Reuters
6.set.2021 - O presidente do Chile, Sebastián Piñera, antes de discursar no Palácio do Eliseu, sede da presidência da França Imagem: Gonzalo Fuentes/Reuters

12/10/2021 17h29

O presidente do Chile, Sebastián Piñera, decretou nesta terça-feira (12) a militarização da região no sul do país em conflito com os mapuches. Os indígenas pretendem retomar o controle de suas terras.

Após dias de protestos reprimidos violentamente, o governo chileno decidiu impor estado de emergência em quatro províncias onde acontecem os protestos.

"Queremos comunicar hoje que [...] decidimos decretar o estado de emergência" em quatro províncias das regiões sul de Biobío e La Araucanía. O decreto "contempla a nomeação de chefes de defesa nacional" para controlar os "graves distúrbios de ordem pública", anunciou Piñera.

A medida ficará em vigor inicialmente por 15 dias nas províncias de Biobío e Arauco, na região de Biobío, e Malleco e Cautín, em Araucanía. O decreto pode ser prorrogado.

No último domingo (10), um protesto mapuche organizado em Santiago terminou com cenas de violência entre os manifestantes e as forças policiais. Dezenas de pessoas ficaram feridas no conflito e a estudante de direito Denisse Cortés, de 43 anos, foi morta.

Maior grupo étnico do Chile

Os mapuches, maior grupo étnico do Chile com mais de 1,7 milhões dos 19 milhões de chilenos, exigem a restituição de terras ancestrais, que hoje pertencem a empresas de exploração florestal e grandes latifundiários.

A maioria da população mapuche vive na pobreza e viu suas terras indígenas reduzidas pela expansão da indústria madeireira, responsável por 8% das exportações do país. O Chile atende a produção de 7% da celulose de papel do mundo.

A falta de uma solução para suas reivindicações levou a uma escalada da violência na última década nas províncias do sul do país, com ataques incendiários a prédios privados e caminhões.

A região é ainda palco de grupos de narcotraficantes e, segundo o governo chileno, de atividades terroristas.

Piñera no Pandora Papers

A decisão do presidente conservador é tomada no mesmo em que ele está sob alvo de investigações por indícios de corrupção e irregularidades tributárias reveladas pela investigação jornalística Pandora Papers.

Na última semana, a Procuradoria-geral do Chile anunciou a abertura de uma investigação contra Piñera para apurar irregularidades na venda de uma mineradora de sua família.

*Com informações da RFI Espanhol e da AFP