França: ex-presidente Sarkozy é convocado em processo de irregularidades no Eliseu
O Tribunal de Paris ordenou nesta terça-feira (19) a audiência do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy como testemunha no processo de contratos de pesquisas superfaturados pela presidência durante seu mandato de cinco anos. Sarkozy não é réu deste processo por estar coberto por imunidade presidencial neste caso.
Citado no julgamento pela associação anticorrupção Anticor, na origem do caso, o ex-chefe de Estado (2007-2012) havia indicado em uma carta que não pretendia testemunhar. No entanto, o tribunal "ordenou que a polícia apresente esta testemunha para ser ouvida em 2 de novembro".
O tribunal "considera que decorre do despacho que lhe foi submetido que o testemunho de Nicolas Sarkozy é realmente (...) necessário para a manifestação da verdade" e que "é provável que tenha influência nas acusações contra os réus", alegou hoje o presidente do tribunal.
De acordo com a Constituição francesa, o presidente da República é protegido pela imunidade pelos atos praticados durante seu mandato, mas o texto supremo "de forma alguma impede que um ex-presidente seja ouvido como testemunha", lembrou o magistrado, que também citou a jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (CEDH) relativa aos direitos de defesa dos réus.
Questionada sobre esta decisão, a comitiva de Nicolas Sarkozy não quis falar "neste momento". Já citado durante a investigação de 2016 pela Anticor, Sarkozy se recusou a comparecer no tribunal, e o juiz de instrução responsável pelo caso na época, Serge Tournaire, decidiu que obrigá-lo a testemunhar seria "desproporcional".
Favoritismo e desvio de fundos
Na segunda-feira (18), o Ministério Público Financeiro, que representa o Ministério Público neste julgamento, havia estimado que "a posição do juiz de instrução" era "uma posição de bom senso e sabedoria", acrescentando "confiar" no tribunal a respeito de um possível recurso à polícia.
Cinco pessoas próximas a Sarkozy, incluindo o ex-secretário-geral da presidência Claude Guéant, estão sendo julgadas por suspeita de favoritismo e desvio de fundos públicos em contratos de consultoria e pesquisas entre 2007 e 2012. O julgamento está previsto para durar quatro semanas.
(Com informações da AFP)
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