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Covid: com superlotação de hospitais, Alemanha transfere paciente à Itália

Enfermeira manuseia kit para testar o novo coronavírus em pacientes do hospital universitário Uniklinikum Essen, na Alemanha - INA FASSBENDER/AFP
Enfermeira manuseia kit para testar o novo coronavírus em pacientes do hospital universitário Uniklinikum Essen, na Alemanha Imagem: INA FASSBENDER/AFP

18/11/2021 10h14

Na falta de leitos disponíveis em sua UTI, o hospital de Freising, no sul da Alemanha, se viu obrigado a tomar uma decisão inédita desde o início da pandemia de Covid-19: transferir um paciente contaminado pela doença para um centro de saúde a um outro país.

Em 18 meses de pandemia de Covid-19, os hospitais alemães eram frequentemente solicitados por outros países europeus para tratar dos doentes. No entanto, com a nova onda da epidemia da qual a Alemanha é palco, a situação se inverteu. Atualmente, a primeira economia da Europa se pergunta quanto tempo seu sistema de saúde vai aguentar.

"Na semana passada, tivemos que transferir um paciente a Merano [no norte da Itália] porque não temos mais capacidade de acolhimento e os hospitais da região [sul da Alemanha] estão lotados", afirma Thomas Marx, diretor do hospital de Freising, uma cidade de 50 mil habitantes na Baviera.

Com uma taxa de incidência de 550 contaminações por 100 mil habitantes nos últimos sete dias, a Baviera é uma das regiões alemãs mais afetadas pela nova onda de Covid-19 no país. "Estamos no limite", ressalta Marx, lembrando que os pacientes contaminados pela doença na UTI do local não estão vacinados.

Baixa taxa de vacinação

A Alemanha é a "má aluna" da vacinação entre os países da Europa Ocidental e registra atualmente uma taxa de vacinação de 67,7%. Nesta quinta-feira (18), o Parlamento deve adotar com urgência um projeto de lei restabelecendo restrições para tentar controlar o aumento de novos casos - entre 30 mil e 50 mil por dia nesta última semana.

Com o objetivo de estimular a vacinação, o plano também prevê a necessidade de apresentar o passaporte sanitário para a utilização dos transportes públicos. A exemplo do que já ocorre em Berlim, outras regiões também podem proibir o acesso a locais culturais e esportivos a pessoas não imunizadas.

A quantidade de pessoas infectadas pela Covid-19 no país, em estado grave, é inferior ao pico de 2020, mas os hospitais também estão mais vulneráveis devido à falta de profissionais de saúde. "A situação se agrava com cada novo caso de Covid-19 nas UTIs", afirma Gerald Gass, presidente da Associação Médica de Hospitais da Alemanha.

Segundo o presidente da Associação Alemã de Medicina Intensiva, Gernot Marx, o país perdeu cerca de quatro mil leitos em suas UTIs em apenas um ano. O motivo: a exaustão dos profissionais de saúde que, devido à pandemia de Covid-19, reduziram seu tempo de trabalho ou abandonaram seus empregos.

Niklas Schneider, chefe da UTI da clínica Munich Schwabing, no sul do país, descreve a situação como "catastrófica". Como em Freising, o local também está no limite de sua capacidade de acolhimento. "E temos muito menos profissionais de saúde do que nas primeiras ondas de Covid-19", adverte.

De acordo com a revista Spiegel, apenas um quarto das 1.300 UTIs alemãs estão em condições de funcionar normalmente, devido à falta de funcionários. "Nossa equipe está aguentando, mas estamos extremamente frustrados. Afinal, somos o último recurso para reparar todas as falhas na sociedade atualemente", desabafa.

(Com informações da AFP)