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Trabalhadores sem-teto protestam em Aparecida durante visita do papa

De São Paulo

23/07/2013 17h19

Depois de articularem protestos na periferia de São Paulo, durante o mês de junho, o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, o Movimento Periferia Ativa e a Frente Nacional de Movimentos farão, nesta quarta-feira (24), uma manifestação durante a visita do papa Francisco à cidade de Aparecida, no interior de São Paulo. O protesto está marcado para começar às 9h30, perto da basílica de Aparecida, onde estará o papa.

Os movimentos sociais pretendem divulgar a luta pela moradia urbana e esperam um posicionamento da Igreja Católica Apostólica Romana sobre os despejos de moradores para a construção de obras da Copa do Mundo de 2014.

Segundo Guilherme Boulos, um dos organizadores do ato, será uma manifestação pacífica, com um número pequeno de pessoas. Devem sair entre cinco e sete ônibus da capital paulista e de São José dos Campos, cidade que ficou marcada pelo despejo da área conhecida como Pinheirinho, com confronto com a Polícia Militar.

Maior posicionamento da igreja

"A igreja tem ficado à margem dos protestos, mas, agora, com a visita do papa, ela assume um papel de protagonista. Vamos cobrar o posicionamento do papa sobre os problemas enfrentados pela periferia. Ele tem dito que está preocupado com a periferia e que defende os mais pobres", disse Boulos.

Em nota divulgada para convocar o protesto, os três movimentos sociais afirmam que o discurso do papa quer ressalta uma "igreja pobre para os pobres" é um avanço, mas que é preciso um aceno do pontífice.

"Se de fato o papa quer uma igreja que ouça e defenda os pobres precisa posicionar-se sobre os ataques que os mais pobres têm sofrido no país, que ele agora visita", registraram.

Os movimentos sociais esperam uma declaração da igreja sobre despejos que "ameaçam e atingem milhares de famílias por conta das obras da Copa 2014 no Brasil" e sobre o "extermínio da juventude das periferias pela Polícia Militar".

Papa distante

O mais provável, no entanto, é que o papa Francisco fique distante dos protestos. O acesso ao santuário nacional será limitado.

O pontífice chegará às 9h30 de helicóptero em Aparecida, vindo do Rio, e desembarcará em um dos estacionamentos do santuário nacional. No local, será recebido pelo cardeal arcebispo de Aparecida, Dom Damasceno Assis; o bispo auxiliar de Aparecida, Dom Darci José Nicioli; pelo reitor do Santuário Nacional, padre Domingos Sávio.

Estarão também presentes o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito de Aparecida, Márcio Siqueira (PSDB).

Agenda

O pontífice passará pelos fiéis no papamóvel em direção à basílica e fará uma cerimônia apenas para os religiosos.

Às 10h30 fará uma celebração no altar central da basílica para cerca de 15 mil pessoas. Em seguida, dará benção aos romeiros que estiverem do lado de fora, deve inaugurar uma capela e participará de um almoço com religiosos.

O esquema de segurança foi reforçado depois que foi encontrada uma bomba caseira em um dos banheiros do santuário, no domingo, 21. São esperadas entre 150 mil e 200 mil pessoas.