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Insegurança alimentar atinge mais de um terço no NE, diz IBGE

18/12/2014 12h13

A preocupação com a falta de recursos para a compra de alimentos atingia mais de um terço dos domicílios da região Nordeste e da zona rural do país em 2013. No caso deste último, houve aumento na parcela de residências que mostravam, no ano passado, algum tipo de grau de insegurança alimentar --ou seja, restrição devido à falta de poder aquisitivo para adquirir alimentos. É o que mostrou, nesta quinta-feira, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) ao anunciar o suplemento de Segurança Alimentar da Pnad 2013 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).

A pesquisa, feita em convênio com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, mostrou que houve queda na parcela de domicílios com algum tipo de insegurança alimentar na região Nordeste, que foi de 38,1 % em 2013 --menor do que as registradas em 2004 (53,5%) e 2009 (46,1%) anos das edições anteriores do suplemento.

No entanto, esse percentual foi o maior entre as grandes regiões pesquisadas pelo instituto, sendo mais que o dobro das observadas nas regiões Sudeste (14,5%) e Sul (14,9%). Também foi superior à do Centro-Oeste (18,2%) e próxima à do Norte (36,1%).

Ao analisar a evolução de domicílios entre as zonas rural e urbana, o instituto apurou que a parcela com insegurança alimentar na zona rural era de 43,7% em 2004, e diminuiu para 35,2% em 2009 ? mas cresceu para 35,3% em 2013. Em contrapartida, na zona urbana, nos mesmos anos, a parcela de domicílios com insegurança alimentar caiu, no mesmo período, sendo de 33,3% em 2004; de 29,3% em 2009; e de 20,5% em 2013.

Entre os Estados, Maranhão e Piauí apresentaram as maiores parcelas de domicílios com algum tipo de insegurança alimentar, respectivamente de 23,7% e de 19%, no ano passado. Em 2009, essas unidades da federação também eram os estados com maior percentual de residências com algum tipo de restrição na aquisição de alimentos, só que os per centuais eram maiores, de 31,2% e de 22,7%, respectivamente.

Ainda de acordo com o instituto, em 2013, os Estados com os maiores percentuais de segurança alimentar no total de domicílios na localidade - ou seja, sem nenhum tipo de restrição na aquisição de alimentos - foram Santa Catarina (88,9%) e Espírito Santo (89,6%).

Renda

A pesquisa também mostra que quase 80% dos domicílios em 2013 com algum tipo de insegurança alimentar, ou seja, com risco de falta de recursos para comida, tinham renda per capita mensal inferior a de um salário mínimo.

As duas últimas classificações são as mais preocupantes: enquanto a insegurança alimentar moderada comprovou restrição de quantidade de comida, nesses domicílios em 2013, a insegurança alimentar grave refere-se àquelas residências que, no ano passado, passaram por privação de alimentos com perspectiva de chegar a sua expressão mais grave, a fome.

Segundo o IBGE, 53,9% dos domicílios no ano passado com segurança alimentar, ou seja, sem nenhum tipo de restrição na compra de alimentos, tinham renda per capita mensal superior a um salário mínimo. Mas, ao se considerar os domicílios com insegurança alimentar moderada ou grave, 78,9% tinham renda per capita abaixo de um salário mínimo.

Ao se detalhar as parcelas de domicílios nas categorias inferiores a um salário mínimo em 2013, o IBGE revelou que praticamente um quarto do total, (ou 20,9%) das residências que mostraram algum tipo de insegurança alimentar tinham renda mensal per capita de até um quarto do salário mínimo.

Fome

A ameaça da fome no país em 2013 foi mais frequente entre a população mais jovem; não branca; e vivente na zona rural. Um dos aspectos mais preocupantes na pesquisa foi a evolução dos domicílios com insegurança alimentar grave. Isso porque esse termo se refere àquelas residências que passam por privação de alimentos, com perspectiva de chegar a sua expressão mais grave, a fome.

O instituto calcula que em torno de 52,05 milhões de pessoas passavam por algum tipo de insegurança alimentar em 2013 - dos quais 7,2 milhões eram do tipo mais grave. Nesse último universo, o instituto forneceu detalhes sobre como os domicílios com insegurança alime ntar grave afetavam a população brasileira por idade.

Em 2013, as maiores parcelas no total da população que sofriam com insegurança alimentar grave, ou seja, com risco de falta de recursos para comprar comida e ameaçados pela fome, foram encontradas entre crianças de 0 a 4 anos (4,8% do total desse período etário) e criança e adolescentes de 5 a 17 anos (5%). Essas duas faixas etárias representavam em torno de 2,73 milhões de pessoas, em números absolutos.

O IBGE apurou ainda que, a insegurança alimentar grave respondia por parcelas menores em outras faixas etárias da população, com 3,2% da população entre 18 a 49 anos; 3,2% dos que tinham entre 50 a 64 anos; e 2,4% do total de pessoas com idade acima de 65 anos.

Ao mesmo tempo, ao se cruzar os aspectos de raça com o problema de insegurança alimentar, o instituto identificou que 1,9% de residentes que se declararam com raça branca sofriam de insegurança alimentar grave. Essa parcela foi em torno de três vezes superior entre os da raça preta e parda (5%); e amarela ou indígena (6,3%).

O levantamento mostrou ainda que, do total de 93,2 milhões de moradores brancos, 17,2% conviviam com a insegurança alimentar. Para 106,6 milhões de moradores pretos ou pardos, este percentual subia para 33,4%.

O instituto identificou ainda diferenças entre zona rural e urbana, no que concerne às parcelas da população que passam por problemas de insegurança alimentar grave em 2013. Essa classificação atingia 3,1% da população da zona urbana; e praticamente o dobro, 6,3% da população da zona rural, no ano passado.

Para o Brasil, urbano ou rural, quanto maior o nível de escolaridade dos moradores, menor a prevalência de insegurança alimentar moderada ou grave. O instituto apurou também que, em 2013, 13,7% dos moradores com um a três anos de estudo estavam em situação de insegurança alimentar moderada ou grave. Para aqueles com 15 anos ou mais de estudo, o percentual era de apenas 1,2%.